Tanzânia
O que esperar da Tanzânia? Quando na vida eu imaginaria que iria para esse País? Na real, sendo bem sincero, nunca. Aliás só comprova um pouco a nossa alienação em relação a África como um todo, acho que por isso falamos desta maneira “jamais imaginaria ir para (coloque aqui qualquer País da África), sejamos realista, não sabemos nada deste continente. Pois bem, a Tanzânia foi um país de surpresas. E foram várias. Na Tanzânia, descobrimos que tem uma cidade com tanta influência do islamismo que parece chegamos no Oriente Médio. Descobrimos uma ilha que tem em seu nome Bar, ou seja, só pode ser uma ilha legal, né? (essa frase foi do meu amigo Bruno Real). Descobrimos que um cantor muito famoso nasceu nessa mesma ilha. Descobrimos que as famosas especiarias e sua comercialização na época da colonização árabe tem influência até hoje nessa mesma ilha. Descobrimos que tem uma tribo da região norte da Tanzania que tem como principal característica sua maneira primitiva de convívio até hoje. Tivemos a boa surpresa que é possível fazer vários tipos de safáris, bem como escalar o maior pico da África, o monte Kilimanjaro. Enfim, se você quer ver quais foram essas surpresas que encontramos nessa jornada perca uns minutinhos nesse post. Garanto que tem surpresas interessantes.
Dar es Salaam
O que falar de Dar, como os locais chamam essa cidade, que por nossa surpresa é a maior cidade da Tanzânia, mas não é a capital do País, que é Dodoma. Chegamos de Mtwara, que foi nossa primeira cidade depois da famosa aventura de cruzar a fronteira com o Moçambique, vide post Moçambique. Em Mtwara só ficamos uma noite e no dia seguinte fomos para Dar es Salaam. Em Dar, ficamos hospedado em um hotel bem central, indicação de um casal que fez uma viagem parecida. Um hotel bem simples, porém bem central. O impacto quando chegamos em Dar foi visível, não estávamos mais na África ocidental e cristã, agora era a África muçulmana que tinha predominância. Visualmente a paisagem já tinha mudado, as roupas das pessoas eram diferentes, as mulheres e seus hijabs (o pano colocado no rosto) e os homens com seus jubbas (espécie de um manto de pano). No restaurante que iámos e que ficava na rua do hotel o canal de tv era a famosa Aljazerra, a rede de TV do oriente médio. Estávamos em uma outra África. Em Dar es Salaam ficamos basicamente na região do hotel, não existem muitos atrativos na cidade, exceto as mesquitas, que a cada esquina tem uma, e cada uma com suas chamadas para as rezas. Um espetáculo para os ouvidos, ir dormir ou acordar com as chamadas é algo que para nós foi uma surpresa de encantar os ouvidos. Ficamos alguns dias e já nos agilizamos para ir para a famosa Ilha de Zanzibar. Pegamos um ferry-boat no dia seguinte.
Stone Town – Zanzibar
Saímos de Dar es Salaam cedo e fomos para Zanzibar que para nossa surpresa a influência árabe era mais impressionante ainda. Agora sim, tínhamos nos transportados para um País muçulmano. Incrível. A chegada em Zanzibar já dá uma prova do que estava por vir. Ao fundo avistamos uma linha branca, no meio do nada, perdida em meio a um mar cor azul claro. Era um oásis no meio do mar. Coisa de filme do Jack Sparow. Ao lado direito, uma ilha particular com um puta hotel de luxo. Coisa de gente rica que não tem onde gastar seu dindin. Nós, meros mortais mochileiros só registramos em fotos. Logo que chegamos em Zanzibar já fomos para o hotel, que para nossa surpresa tinha até wifi. Era um hotel muito bem localizado. Era na famosa Stone Town ou Cidade da Pedra. Que cidade. Com suas vielas é uma viagem a outro tempo. Caminhar por ali era um mistério e muito fácil de se perder. Cada curva, cada beco uma porta com alguma pessoa cozinhando, vendendo ou rezando. Sinto saudades do cheiro do chapati (espécie de pão bem fino) em suas vielas. Na Tanzânia, o Swahili é o idioma predominante e a culinária swahili é muito boa. Nos dias que ficamos em Stone Town comemos muito em um restaurante local que servia este tipo de culinária que tem como base o arroz e algum caldo com peixe, carne ou vegetais. Nesse restaurante experimentamos um suco de hibisco (muito bom). Nossa principal tarefa era caminhar pela cidade. Seus encantos a serem descobertos. Fomos visitar uma região de uma feira em suas vielas em que vendiam basicamente roupas e camisetas da seleção de futebol de Zanzibar. A Dani já começou a ficar curiosa para comprar roupas típicas. Eu levei uma camiseta da seleção de recordação. Em um dia resolvemos fazer um programa bem de turista, daqueles que você sabe que vai pagar algum mico ou vai se sentir a ovelha negra de estar ali. Fomos visitar uma fazenda de especiarias. Pagamos pelo tour de uma manhã inteira com um guia que mostrava as plantas e qual especiaria era extraída. Ficamos surpresos com a quantidade de especiarias que usávamos e não tínhamos noção de como elas eram plantadas. As especiarias que mais chamaram atenção foram a canela (que de sua raiz também se extrai o famoso vick com seu odor para expectorar os pulmões), a noz-moscada e a sua casca protetora com uma espécie de resina vermelha, o gengibre e sua influência afrodisíaca masculina. Foi uma aula de especiarias. No dia seguinte, nos preparamos para ir para a região leste da ilha. Ah, já ia esquecendo, o famoso cantor é o Freddy Mercury. Ele nasceu em Zanzibar, mas eles nem usam a imagem dele como atrativo turístico, focam em outras atrações.
Jambiani – Zanzibar
Na ilha o meio de locomoção mais barato é o famoso Dala-Dala, uma espécie de caminhonete com uma caçamba protegida, digamos que não varia muito em relação aos chapas de Moçambique. O Dala-Dala tem lá o seu conforto. Saímos em busca do Dala-Dala para Jambiani. Achamos fácil, negociamos o valor, mas já sabendo que estaríamos pagando mais que um local, mesmo já sabendo o valor justo para se pagar. Cobraram até as nossas malas, coisa que não vimos ser feita para os locais que transportavam de tudo, enfim. Conseguimos um lugar na frente. Lá pelas tantas, comecei a sentir minha barriga dar aquela mugida, vish, vem coisa ruim. Num determinado momento não deu para aguentar mais, paramos e fui numa casa local, conheci a famosa latrina. Ufa alívio! Seguimos a viagem e no meio da tarde chegamos a praia de Jambiani. Por ser uma praia mais afastada e por estarmos na baixa temporada estava bem vazia. Chegamos cansados e fomos descansar. Tínhamos planejado ficar 2 dias, mas estava muito parado lá e o tempo estava nublado. Ficamos apenas uma noite. O tiozinho da “pousada” não gostou muito. Enfim, não tínhamos muito o que fazer. Fomos dar uma caminhada pelo vilarejo, que tem em suas construções a característica de serem feitas de pedras e cimento. No fim do dia até abriu um Sol, e fomos para a praia. Uma praia bonita, com um azul de encantar. Ficamos sentados na praia um tempo conversando. Em um momento, surgiu um nativo que olhou para nós e perguntou se estávamos bem e tal, eis que ele com seus dreadlocks olha para mim e fala “Are you interested to know the secret of Bob Marley?” algo como “Você quer conhecer o segredo do Bob Marley?”, na hora já saquei, eles estava nos oferecendo maconha de uma maneira bem sutil (hahaha), rimos bastante com o approach e ficamos falando essa frase toda a vez que sentíamos o cheiro da erva ou alguém nos oferecia de novo. Aqui na ilha a pegada é bem parecida com Amsterdan.
Voltamos para Stone Town para pegar outro Dala-Dala para ir para o nosso próximo destino, a mais famosa ainda praia de Nungwi, na parte Norte da ilha.
Nungwi – Zanzibar
Chegamos a Nungwi, desta vez sem apuros intestinais, se é que você me entende. Fomos ao backpacker indicado pelo Lonely Planet. Que furada, um valor caro e com uma estrutura caindo as pedaços. O dia continuava nublado e não tínhamos visto a beleza do local. Fomos almoçar em um restaurante de um hotel e nos sentimos mais lesados ainda (hahahaha), o hotel era na frente do mar com uma baita estrutura, porém fora do nosso orçamento. Até chegamos a fazer umas contas se poderíamos pagar, mas não dava. No fim do dia fomos caminhar pela praia e procuramos outra pousada para ficar. E não é que achamos uma pousada irada, na boca do gol, bem na praia, com muitas árvores e com um café da manhã iradíssimo incluso. Não tivemos dúvida, nos mudamos no dia seguinte. O dono da pousada, o Ale, é um cara bem espirituoso. Logo que fomos negociar a nossa estadia ele viu que não estávamos bem hospedados e fez um preço muito bom. E, para celebrar a nossa vinda me deu um abraço desses de levantar, foi engraçado. Ele tinha ganho nossa confiança. Pronto, estávamos no paraíso. Teríamos 5 dias para não fazer nada a não ser sair do quarto e ir para a areia da praia. Vida dura. No dia seguinte, abriu um Sol absurdo. Quando acordamos já vimos do quarto o tom absurdo, para não falar ridículo do mar. Café da manhã tomado, agora era a hora de não fazer nada. E não fizemos. Só íamos do mar para a pousada e vice-versa. A pousada era mais afastada do “centrinho” da cidade. O que foi bom. Fomos jantar nesse centrinho toda noite. Estávamos no paraíso. Até que alegria de mochileiro dura pouco. A Dani amanheceu com o olho todo inchado, com aspecto horrível e não tinha dormido bem de noite, teve um pouco de febre. Aproveitamos o dia, mas para ela não foi a mesma coisa. No dia seguinte, foi a minha vez, também amanheci com o olho todo zoado. Estávamos com conjuntivite. E para piorar, eu comecei a ter uma febre pesada a noite e aquela noite onde você dorme no vazo sanitário. Que desperdício! Enfim, a Dani já estava bem melhor, agora eu que tava malzaço. Foi tenso, e veio tudo de uma vez. Minha base alimentar a partir de então era arroz com batata. Fim de nossa estadia em Nungwi. Voltamos de manhã para Stone Town. Eu ainda não estava 100% recuperado então decidimos ficar no mesmo hotel e nos recuperarmos. Ficamos mais 3 dias e adiamos a nossa volta para Dar es Salaam.
Arusha
Ficamos apenas 1 dia em Dar es Salaam para então irmos para o Norte da Tanzania visitar a cidade Arusha. Nela iríamos tentar nossa última cartada para um safari na África. Em Dar es Salaam conversamos com uma pessoa que nos “perseguia” na rua tentando vender um safari. Ela até nos ajudou passando um contado em Arusha. O contato foi muito bom. Fizemos o safari com a empresa desse contato que foi bem prestativo e nos fez um pacote até que com preço razoável. Não foi barato para nossos padrões de orçamento, mas era a nossa chance. A viagem até Arusha foi daquelas de mais de 10 horas, intermináveis. Já estamos ficando acostumado com essas referências. O que são 10/13 horas dentro de um ônibus? Chegamos de noite e fomos para um hotel indicação do Trip Advisor, novamente, furada. Longe e bem zoado. No dia seguinte, o nosso guia do safari foi nos buscar e já nos levou para fazermos o safari. Fomos em direção ao famoso Ngorongoro Conservation Area. Essa região é um vulcão extinto e que manteve a sua cratera com vegetação e os animais acabaram adotando esse lugar para ficar. Fomos para uma pousada perto do parque, dormimos em um iglu feito de argila. A estrutura do iglu lembra as cabanas do povo local, o povo Massai. Os Massais são os nativos da Tanzania bem como do Quênia. Seu estilo de vestimenta é bem característico, eles usam um manto colorido sobre os ombros e uma espécie de saia. Usam adornos como brincos em suas orelhas alargadas e são conhecidos por serem bons saltadores. Ainda mantêm a tradição de usar essas vestimentas, que é explorada turisticamente. Pode-se comprar um manto Massai em várias lojinhas. Saímos em um grupo, fomos com uma Land Rover toda equipada para um safari. Foi um passeio (o real significado de Safari) interessante. Vimos alguns animais, zebra, búfalo, leoas, rinoceronte, elefante, hienas, hipopótamos, impalas e gnu. O safari foi um pouco tedioso, vou ser bem realista. E a grande maioria desses animais vimos bem de longe. Enfim, fizemos um safari, mas para mim não foi algo que me empolgou. Voltamos para Arusha e nos preparamos para ir para o Quênia. Na noite seguinte, encontramos duas mulheres (Eliane e Brenda) no lobby de um hotel que fomos jantar e ficamos conversando um tempo com elas. Elas nos deram várias dicas de hotéis onde ficar em Nairobi. Até rolou um convite de jantarmos na casa da Eliane, o que foi uma baita supresa, já que estávamos indo para Nairobi sem nenhuma informação precisa. Lembra que eu falei das várias surpresas? Então essa foi a nossa jornada pela Tanzânia.
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