Portugal
Conhecer Portugal veio acompanhado de um sentimento de “eita, foi daqui que partiu aquela história que nos foi contada.”. Iríamos pedalar praticamente por todo o território lusitano de Norte a Sul fazendo parte da costa Oeste e a costa Sul (Algarve). Vínhamos da Espanha, fazendo o Caminho de Santiago de Compostela (o caminho Francês) terminamos na cidade de Santiago de Compostela e nos programamos para fazer o Caminho Português. Visitar Portugal foi como estar em casa, sem ser de casa, sabe? Voltar a falar Português um pouco diferente, mas que dava para entender. Provar a culinária lusitana, aquele bacalhau e um pastel de nata estava em nossas vontades. Conhecer Lisboa e Porto. Queríamos sentir a terra que colocou navegadores para chegar nas terras brasileiras.
Valença
Logo que cruzamos a fronteira com a Espanha, nos deparamos com um portão grande e o brasão de Portugal. Cruzamos por uma ponte, e aqui novamente estávamos vivendo aquela sensação estranha de cruzar uma fronteira sem ter que mostrar passaporte, benefícios da Zona de Schengen. Chegar em Portugal por meio de nosso esforço, foi muito legal. O brasão lusitano nos dava as boas-vindas. A partir de agora voltaríamos a ouvir o português que tanto conhecíamos, porém com um sotaque diferente. Logo que chegamos em Valença já tínhamos nosso albergue pinado no Maps.Me e aproveitamos que tínhamos chegado cedo a cidade e tomamos um cafézinho antes de nos acomodarmos. Ali já vimos que estávamos em outra economia também. Criamos um índice nessa viagem, o “Preço do Cafézinho”. E logo nesse café já percebemos que o café estava mais barato 0,80 de euro, o que achamos ótimo. Depois de nosso cafézinho, fomos para o albergue. Para nossa alegria, o albergue ficava do lado de um bom supermercado, o que foi bom para nos reabastecermos e a Dani estava empolgada para fazer uma bela janta para nós. Compramos comida fresca, cerveja e até sorvete de sobremesa (hahaha). Fez um belo fim de tarde, aproveitamos para trabalhar um pouco e bater-papo com peregrinos que estavam no albergue. A rotina de dormir cedo e acordar bem cedo permanece, como iríamos fazer parte do Caminho Português, já estávamos acostumados com as regras dos albergues. No dia seguinte, acordamos cedo, tomamos o nosso café da manhã e partimos.
Viana do Castelo
Saímos cedo de Valença e viemos pedalando sentido a costa do Atlântico. Viemos pedalando perto da “costa” para evitar a região montanhosa do centro de Portugal. Tomamos essa decisão justamente por causa de uma conversa com um peregrino no albergue de Valença que nos avisou que a parte litorânea seria menos acidentada em termos altitude. Logo no começo do dia, depois de uns 20km paramos em uma vila de pescadores muito charmosa, a vila ficava literalmente no meio da rodovia que estávamos e aproveitamos para nos aquecer um pouco, fazia um friozinho. Te falar que foi um dos cafézinhos que tomamos mais legais da viagem? Lembro do sol batendo em nossos rostos, do cheiro do café, do pastel de nata, da mesa da cafeteria na calçada e as bicicletas no lado. Aliás, aprendemos que o café é o combustível ideal para um pedal. Aproveitamos para visitar a praça principal do vilarejo onde tinha a igreja. Retomar o pedal depois dessas pausas é um mix de “ok, cafézinho tomado, bora continuar.” com “mas tava tão bom ficar ali, aproveitando a vida.”. Não se pode ter tudo nessa vida, não é mesmo? Seguimos nosso pedal e viemos percorrendo uma região bonita. Às vezes, a estrada passava bem do lado do mar e dava para dar uma observada. O dia esquentou e ficou um pouco sofrido o pedal, o vento não ajudou muito também. Chegamos no fim dia em Viana do Castelo. Sempre que entramos em uma cidade como esta, já deixamos pinado no Maps.Me o lugar que queremos ir e vamos seguindo pelo app. O albergue que recebemos indicação só abriria mais para o fim do dia. Deixamos as bicicletas lá e fomos dar um passeio pela cidade. Como não havíamos almoçado, fomos para o centro da cidade e pedimos uma comida em um restaurante (algo raro) e lá pelas tantas, um sr. francês super simpático puxou conversa conosco, ele também estava de bicicleta. Ele não falava inglês e nós com um francês muito básico. A comunicação até que flui, viu. No final, nos despedimos e para a nossa surpresa, ele havia pago a nossa conta. Agradecemos a gentileza. Fomos ao supermercado para comprar a janta e terminamos de conhecer a parte histórica da cidade. Conseguimos um beliche para dividir. Era um albergue simples, e que não estava acostumado em receber pessoal de bicicletas. Na manhã seguinte acordamos cedo e logo já fomos aprontar as bicicletas para sair. Na saída, encontramos outros cicloturistas, o Carlo, um espanhol que estava andando de bicicleta pelo mundo a um bom tempo e o casal de suíços, o Daniel e a Vanessa. E para vocês verem como são as coisas, esses novos personagens dessa história que acabo de vos apresentar farão parte de um bom trecho da nossa viagem (spoiler alert). Combinamos de tomar café juntos e logo já nos conectamos bem o casal. Por coincidência, eles estavam fazendo uma rota muito parecida com a nossa. Eles estavam indo sentido Marrocos também. Começamos o nosso pedal e hoje tivemos a companhia do casal de suíços. Foi legal pedalar com outras pessoas. Estávamos precisando conversar com gente que estivesse fazendo o mesmo que nós (viajando de bicicleta). O Daniel e a Vanessa estavam em uma pausa (gap year) de ambos os seus empregos (coisas de países que pensam um pouco além do agora). Eles decidiram fazer uma rota de bicicleta da Suíça até a Turquia. Eles queriam conhecer os países da Europa, principalmente. Pedalamos o dia inteiro juntos, trocando experiências, informações, rotas, aprendizados de uma viagem de bicicleta. No fim do dia, nos despedimos deles porém combinamos de nos encontrarmos em algum outro momento. Fim do dia, chegamos a nosso destino do dia, a cidade de Vila do Conde.
Vila do Conde
Além de estar na rota do Caminho Português (pelo litoral), Vila do Conde entrou em nossa rota pois fomos rever uma ex-colega de trabalho da Dani, a Ivi. Quando comentamos que iríamos para Portugal, a Ivi foi uma das primeiras pessoas a se pronunciar e convidar nós para ficar na casa dela quando passássemos pelo país. Dito e feito, colocamos a cidade que ela estava morando em nossa rota e lá fomos. Chegamos no fim do dia e já fomos super bem recebidos pela ivi. Vila do Conde é uma cidade pequena porém com uma infra-estrutura muito boa. A cidade litorânea fica a 30km da cidade do Porto. A Ivi já estava morando em Portugal fazia 3 anos, veio para o país para criar seu filho (o querido, José Tomas) e acompanhar seu marido que é português. Confesso que estávamos carente de trocar informações com locais, pessoas que vivem no país. Desde o caminho de Santiago de Compostela, a parte Espanhola, só tínhamos contato com peregrinos e turistas. Nosso estilo de viagem é muito mais na troca com o local do que a parte turística. Logo no dia que chegamos, fomos jantar em um restaurante bem legal e experimentar o tão aguardado bacalhau português. Estava incrível, que bacalhau. O restaurante também era bem aconchegante, foi uma bela janta. No fim da noite, a Ivi comentou de nos levar para conhecer a cidade de Guimarães, a cidade que Portugal foi construída. A cidade é muito legal, com o seu centro histórico muito bem preservado. Decidimos ficar em Vila do Conde 3 dias e em um dos dias fomos visitar o Porto. Foi ótimo visitar a cidade com alguém que mora lá. A Ivi nos levou para pontos turísticos e explicou várias atrações da cidade. Gostamos bastante de Porto. Passamos o dia inteiro caminhando pelas suas ladeiras e a zona baixa perto do Rio Douro. Como íamos pedalar até a cidade do Porto novamente, fizemos nessa primeira visita a cidade os pontos mais turísticos. Em outro dia decidimos ficar em Vila do Conde, conhecer a cidade, as suas praias e ver como era a rotina da Ivi. A Ivi mora em um conjunto de prédios a beira mar e era muito legal ver da sacada os peregrinos passando na frente do prédio dela, era um lembrete que ainda estávamos no Caminho. Fim de nossa estadia com a Ivi e sua família, era hora de seguir.
Porto
Chegamos a cidade do Porto bem cansados, o dia não rendeu muito, pegamos um vento contra que dificultou um pouco as coisas, esse é um dos pontos ruins de pedalar em um região plana. Entramos pela zona Norte da cidade e era em uma sexta-feira, o trânsito estava um pouco pesado. Chegamos em nosso albergue e logo nos instalamos. Era um albergue bem localizado. Lá pelas tantas, quando fomos jantar, adivinha quem encontramos no mesmo albergue que nós? O Carlo, o espanhol que conhecemos na saída do albergue em Viana do Castelo. Trocamos mais algumas informações e ele explicou um pouco o roteiro dele para nós. Ia percorrer Portugal e depois ia apontar o guidão para os Balcãs. No dia seguinte, fomos visitar novamente a cidade do Porto, caminhamos bastante pelas ruas da cidade, nos enfiamos nas ladeiras e aproveitamos para tirar algumas fotos da cidade. O dia estava ótimo, fazia muito sol. A noite fomos fazer um programa diferente, fomos ao cinema. Eu sou muito fã do Pearl Jam e compramos uma sessão de cinema de um documentário da banda, e coincidentemente, no dia que estávamos no Porto iria passar nos cinemas esse documentário. Jantamos e fomos caminhando até o shopping que seria o filme. Fazia muito tempo que não fazíamos algo nesse nível (rs). Foi muito legal a experiência. Na volta, pegamos o ônibus e fomos para o nosso albergue, estávamos cansados. Era hora de mover, decidimos pegar um trem direto para Lisboa. Decidimos por não pedalar esse trecho pois nosso período de 90 dias dentro da Zona de Schengen estava ficando um pouco apertado e queríamos conhecer bem o Algarve, muitos portugueses nos indicaram para aproveitar mais a região Sul do que a região Central de Portugal. Nosso trem partia perto das 09:00 da manhã e acordamos cedo, preparamos as bikes e pedalamos até a ferroviária da cidade. Deu tempo de tomar um cafézinho e comer um pastel de nata antes de embarcar.
Lisboa
Chegamos a Lisboa, capital lusitana. Chegamos em um final de semana, o que pela nossa experiência, não é um bom dia da semana para chegar em uma cidade grande pois a chance dos albergues/ hotéis estarem cheios é grande, agregue ainda que no Domingo iria acontecer a Maratona de Lisboa. Fomos procurar hospedagem e demoramos para encontrar. Foi cansativo ficar entrando em albergue em albergue e estarem lotados. Tivemos que pedalar para uma outra região mais afastada do centro. Encontramos uma hospedaria antiga, com um quartinho bem simples. As donas da hospedaria nunca tinham recebido pessoas com bicicleta foi até engraçado entramos com as bicicletas e deixar elas estacionadas dentro de um cômodo da hospedaria. Pronto, já estávamos devidamente instalados na capital portuguesa. Decidimos ficar 3 dias na cidade. A noite, decidimos dar uma caminhada nas redondezas da hospedaria, estávamos muito perto do famoso Glória Funicular, tão fotografado pelos turistas. Demos uma volta pelas ruas e até tomamos um chopp para relaxar do dia. No dia seguinte, foi dia de bater perna por Lisboa, fomos a pé, visitar os pontos turísticos da cidade. Era o dia da maratona de Lisboa e a parte central estava quase toda fechada por causa da prova. Aproveitamos para subir e descer as ladeiras da cidade. Visitamos o Miradouro Santa Luzia, a Catedral de Lisboa, o bairro da Alfama. O dia estava quente e não pensei duas vezes para comprar uma cerveja para refrescar. No outro dia fomos para a outra região turística, visitar a região da Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos e a região do Pastéis de Belém. Não encaramos a fila para comer o tal pastél de Belém, que na real, é o mesmo pastel de nata que tanto se come em Portugal. Para nós, não fez a menor diferença em nossa experiência em Portugal provar ou não. Para nós, vale a originalidade ao turístico. Voltamos para o centro de Lisboa e aproveitamos para passear pela zona central. Aproveitei que tinha uma livraria e comprei um mapa Michelin do Marrocos. Nosso tempo de Lisboa havia terminado, era hora de continuar o pedal rumo ao sul de Portugal.
Galé
Logo pela manhã acordamos cedo. Aprontamos as bicicletas e precisávamos pedalar até a região portuária de Lisboa. De lá, pegaríamos um ferry-boat para o outro lado, a cidade de Barreiro. Pegamos o 1o ferry-boat do dia, nosso dia seria longo. Ainda teríamos que pegar mais um outro ferry-boat e não sabíamos se conseguiríamos. Logo que saímos em Barreiros iniciamos o nosso pedal, o dia estava quente. Paramos para tomar um café da manhã, e aproveitamos para descansar. O dia prometia. Essa região de Portugal que iríamos pedalar estava prometendo. Estávamos indo em direção ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Chegamos em Setúbal, onde iríamos pegar nosso 2o ferry-boat do dia, pegamos na cais de embarque de Setúbal e atravessamos para Tróia (Ponta do Adoxe). Essa praia de Tróia é um baita resort luxuoso, é praticamente uma praia particular. Descemos do ferry-boat e seguimos nosso pedal. Agora íamos pedalar por uma região bem plana (uma espécie de istmo). Para nossa sorte, o vento estava suave, mas o calor não. Fomos pelando por esse istmo, seguindo pela N261 até chegarmos em nosso destino final, a praia de Galé. Foi um dia puxado, cerca de 70km acumulados. Dia longo. Chegamos no camping já era quase fim do dia. O tempo mudou bastante e ficou bem frio. Nos acomodamos, tomamos banho e fomos jantar. O camping era bem estruturado porém por ser fora da temporada estava bem vazio. Nesse dia continuávamos trocando mensagens com nossos amigos Suiços (Daniel e a Vanessa) e eles nos contaram que passaram por um belo aperto nos últimos dias. Eles pedalaram do Porto até Lisboa (diferente de nós que pegamos o trem) e lá pela metade do caminho, em um camping, eles foram surpreendidos por uma onda de queimadas que estava ocorrendo (devido a seca) e comentaram conosco que tiveram que literalmente abandonar a barraca, coisas e bicicletas durante a madrugada para fugir do fogo que estava bem próximo deles. Foi um susto grande, eles comentaram. Quando eles nos contaram, tudo já havia se resolvido e por um “milagre” o vento levou o fogo para outra direção e não atingiu o camping. Desse dia em diante, mantivemos contatos diários com eles. Como estávamos mais a frente deles, íamos trocando informações e programando um possível reencontro.
Vila Nova de Milfontes
Saímos do camping na praia de Galé e seguimos nosso pedal até a nossa primeira parada do dia, a cidade de Sines. Uma cidade bem pequena na costa lusitana. Lá tomamos nosso já clássico cafézinho da energia e seguimos o nosso pedal. Fizemos nosso almoço no meio da es trada que estávamos pedalando e aproveitamos para estender a barraca que estava úmida da noite anterior. O dia foi ganhando corpo e perto do meio da tarde conseguimos entrar no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Região belíssima, muitos lugares para pegar onda. Viemos pedalando bem perto do mar. Estava um dia lindo. Seguimos com nosso pedal até nosso destino final do dia, a cidade de Vila Nova de Milfontes. Logo que chegamos, encontramos o camping que ficaríamos porém já fomos fazer compras para a janta. A Dani que faz as compras e eu fico cuidando das bicicletas, é assim que nos dividimos. Nesse dia a Dani estava tão “pê da vida” com o dia que descontou tudo nas compras (hahaha) comprou bastante coisa, os alforjes estavam pesados (eu que levo as compras de mercado). Chegamos no camping e já montamos nosso acampamento, dentro das compras a Dani tinha comprado até uma garrafa de 1,5 litros de cerveja e amendoim (hahaha) montamos a barraca regado a cervejinha. Fim do dia, fizemos nossa janta, tomamos banho e fomos descansar, estávamos bem cansados.
Aljezur
Acampamento desmontado, começamos o dia pedalando pela final do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, seguimos sentido a cidade de Aljezur. O caminho até lá foi de bastante altimetria ao longo do dia, aquele sobe e desce clássico, e alguns trechos estávamos alto que até nos acompanhavam as torres de energia aeólicas, características de lugares altos ou com bastante incidência de ventos. Esse trecho realmente não tinha muito o que apreciar, só estávamos pelo deslocamento mesmo, rumo ao Algarve. Em um momento, decidimos sair da estrada principal e pegar uma estrada paralela que cortava por uma cidade, que burrice. A cidade ficava no morro e a inclinação para sair dela e seguir por essa estrada paralela era absurda. Foi nossa primeira vez que tivemos que descer e empurrar as bicicletas, tamanha era a inclinação. Eu confesso que não gosto de empurrar uma bicicleta, principalmente com alforjes, sou mais “forte” nas minhas pernas que no meu braço, e tenho que fazer bem mais esforço para tal. Por isso, descer da bicicleta só em situações extremas, como essa. Chegamos ao topo e já estávamos “mortos”. Seguimos pedalando por essa estrada paralela até encontrarmos o nosso camping do dia. Era um camping que ficava um pouco afastado da cidade de Aljezur porém era a nossa única opção. Estávamos com alimento para a janta, então não foi um problema ele estar longe. O céu mudou completamente e a chuva chegou. Na noite anterior havia chovido também na região, o que deixou o solo bem úmido. Os campings em alguns países da Europa são mais preparados para motorhome ou vans, o que faz com que o solo seja duro e as vezes bem difícil de estacar a barraca. Algumas vezes, tivemos que pedir um martelo emprestado. Rotina de sempre: armar a barraca, tomar banho e jantar. Ao cair da noite, chegou a chuva e o frio. Foi só o tempo de fazer essas coisas e dormir.
Lagos
Aquela já conhecida rotina, café da manhã, desmontar acampamento e montar as bicicletas. O dia ainda estava meio nublado. A partir desse ponto na viagem, precisávamos decidir se iríamos para Sagres, na ponta de Portugal ou se iríamos para Lagos. Decidimos ir para Lagos. Foi uma boa decisão, o trecho que pedalamos foi muito tranquilo. Chegamos em Lagos no meio do dia. Logo já fomos procurar um camping. Iríamos descansar por aqui depois de dias só pedalando. Acabamos ficando em um camping municipal, não era o melhor camping, mas o preço e a localização estavam compensando. Montamos nosso acampamento e fomos buscar comida. Por ser um lugar que iríamos ficar mais tempo, nos dávamos o luxo de comprar umas comidas e bebidas que normalmente não dava para levar. Tínhamos chegado ao Algarve. Lagos é uma cidade/ praia bem no começo da região. Nesse dia, decidimos não visitar as praias. Estávamos cansados. No dia seguinte, aproveitamos para acordar mais tarde e então aproveitar para conhecer as praias da região. As praias aqui são do tipo de falésias, você tem uma vista bem bonita no topo delas e para descer nas praias precisa pegar uma escada. Já começava a fazer um certo frio por aqui, nem nos animamos em tomar um banho de mar, ficamos mais observando e tirando fotos. Os dias passaram e decidimos continuar nossa viagem. Queríamos conhecer a tão famosa região do Algarve. Muitos portugueses nos indicaram que iriamos gostar bastante dessa região.
Albufeira
Saímos de Lagos e seguimos rumo a Espanha. Seguimos pela N125 sentido a nosso próximo destino, a cidade de Albufeira. As estradas em Portugal tem sido boas, lembrei da brincadeira que fizeram conosco no começo da viagem em que sempre que comentávamos nosso próximo destino/ país, as pessoas comentavam que quando chegássemos em Portugal com certeza iríamos sofrer um acidente (hehehe). As previsões catastróficas não se concretizaram. Tínhamos chegado no sul de Portugal sem nenhum arranhão e os motoristas lusitanos estão se mostrando bem compreensivos conosco. Dia quente por aqui, viemos pedalando um pouco afastado do mar, o que deixa o pedal mais quente mesmo. O interior tende a ser mais protegido dos ventos. Em um momento almoçamos em um gramado com um banco e aproveitamos para secar a barraca, os nossos dias de camping tem sido chuvosos nessa época. Nesse dia estava meio chateado pois a Dani tinha esquecido um canivete “de estimação” que levava em todas as minhas viagens, acontece, alguns quilômetros depois já tinha esquecido o canivete. Nossa chegada em Albufeira foi um pouco conturbada, os campings estavam começando a fechar (estávamos em final de temporada) e das poucas opções que tínhamos, as vezes precisávamos arriscar. Cruzamos o centro de Albufeira, uma cidade litorânea bem importante para a região, praias bonitas e um centro bem agitado, me pareceu uma cidade bem procurada pelos portugueses. O camping que encontramos era bem afastado da cidade, tivemos que cruzar uma boa parte da cidade para chegar até ele. Tivemos uma ótima surpresa, o camping estava aberto e era excelente. Com uma área de camping grande e bem estruturada. Chegamos cansados (o Sol judiou um pouco) e logo já montamos a barraca. Saímos para procurar um supermercado e pelo calor que fez hoje, merecíamos uma cerveja (prêmio do dia). Voltamos para o camping, jantamos e ficamos batendo papo com um irlândes que estava recém terminando uma viagem de bicicleta por Portugal. Trocamos várias informações e ele nos doou alguns produtos de manutenção que ele não iria usar mais, tipo óleo de corrente, etc. Ficamos bem felizes, estávamos precisando de um óleo. Fim do dia, fomos descansar o corpo felizes.
Olhão
Despertamos cedo, o dia já mostrava a sua cara, seria quente de novo. Aqui já estávamos praticando uma máxima do cicloturismo, se o dia for quente, saia o mais cedo possível para evitar o Sol do meio dia. Foi o que fizemos, tomamos nosso café e partimos cedinho de Albufeira. No próximo destino seria a cidade de Olhão. Seguimos pela N125 e depois derivamos por estradas secundárias para então apontar na N2-6 e ir sentido nosso destino final. O terreno está bem plano, poucas subidas por essa região, temos curtido pedalar por esse interior de Portugal, dá para observar os detalhes das casas, o comportamento das pessoas que moram aqui. Nesse dia, o calor ao meio dia estava pesado, decidimos almoçar em um restaurante (coisa rara). Pedimos um prato para dividir e um suco bem gelado. Essas pausas no almoço são fundamentais, mas confesso que voltar a pedalar depois é um pouco difícil (rs), corpo da aquela desacelerada e até engrenar toma um tempo. Chegamos relativamente cedo em Olhão e novamente, fomos atras do camping que estava aberto. Era um camping bom também. Aqui nos campings da Europa no geral as estruturar dos campings são muito boas. Camping é uma cultura aqui. Esse camping era parte de um clube então era bem cuidado. Nos instalamos, fizemos nossa janta e fomos aproveitar para caminhar até o mar e ver o por do sol. Que espetáculo estava o céu. Foi uma linda despedida de mais um dia em terras lusitanas.
Monte Gordo
Novamente, saímos cedo do camping e já estávamos rodando pela N125. Hoje o trajeto encostou mais do mar e foi mais plano e mais fresco também. Nossa primeira parada do dia foi a cidade de Tavira, ficamos espantados com o tamanho da cidade, cheia de hotéis, pareceu ser um daqueles balneários populares. Aproveitamos para descansar e fazer tomar um café no centro da cidade. Hoje seria um deslocamento relativamente plano e curto, só 50km. Em um momento do pedal decidimos entrar para ver o mar. A Dani queria tocar no mar para sentir como era. Chegamos em Monte Gordo, e logo já fomos para um supermercado nos abastecer. Conseguimos um camping, bem perto do mar, porém esse camping já não era tão bom. Por ser um camping antigo, faltava uma manutenção. Para nós não era um problema, tendo um lugar para montarmos nossa barraca, já estávamos felizes. Como chegamos cedo a cidade, decidimos passear pela orla. Fomos até o centrinho da cidade, compramos um cerveja e fomos tomar bem na beira mar. Estava um dia lindo e conversamos bastante sobre como estava sendo muito interessante essa nossa estadia em Portugal e principalmente na Europa. Portugal seria nosso último país em terras européias. Nesse dia começamos a planejar a próxima etapa de nossa viagem, voltaríamos para a África e só de pensar nessa possibilidade, ficamos empolgados com o futuro próximo. A Europa que nos foi apresentada seremos eternamente gratos por poder pedalar por esses países iniciais (nessa 1a etapa da viagem). Gostamos do que vimos, nos identificamos tremendamente com suas culturas e começamos a apreciar ainda mais um continente que só estava em nossos sonhos em conhecer. Muito obrigado.
Comentários (0)