Myanmar

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Iríamos visitar o Myanmar junto com a irmã da Dani. A Jamile acompanhou parte de uma viagem de volta ao mundo de um casal queridos por nós, o Gui e a Bibi (do blog Saiporaí www.saiporai.com), que conhecemos por causa da Jamile. Estávamos felizes de ter companhia novamente na viagem (depois que meus pais vieram), é muito legal poder compartilhar com familiares e amigos um pouco da experiência que estávamos vivendo. O mais legal é que a Jamile, desde o primeiro momento que decidiu vir para viajar conosco também falou “vou fazer no ritmo da viagem de vocês, tá? quero fazer tudo o que vocês fazem, no orçamento de vocês, o que vocês decidirem eu vou junto.”. Isso foi bem legal para nós também, pois injetou mais um ânimo para visitar mais esse país. Bom, sobre o Myanmar, pouco sabíamos até então. Foi um país que ficou um bom tempo fechado pelo regime e estava aos poucos abrindo as portas para os ocidentais. Por isso, aqui não funcionavam os nossos cartões de débito. É importante levar dólares ou euro para fazer câmbio.

Chegando no Myanmar pela Tailândia (de ônibus)
Para ir para o Myanmar há duas possibilidades: por avião (fora do nosso orçamento) ou de ônibus (sim, dá para ir). Compramos uma passagem em Bangkok, fui até a estação rodoviária de (Mo Chit), cheguei até lá pelo metro (Linha Azul – desci na estação Chatuchak Park , bem onde fica a famosa feirinha de comidas). Lá comprei as passagens que sairiam de Bangkok e nos deixariam na cidade fronteira de (Mae Sot). Esse ônibus toma o dia todo para chegar a fronteira. Saímos cedo de Bangkok e chegamos lá por volta das 17:30. Mais um tuk-tuk até a fronteira saindo da rodoviária de Mae Sot. Fizemos a nossa saída da Tailândia, e agora era cruzar a ponte que divide os dois países. Já do lado do Myanmar fizemos o processo de imigração. Já tínhamos tirado o visto do Myanmar em Bangkok. O custo de um visto para o Myanmar é U$ 30 por pessoa. Passaportes carimbados fomos negociar uma condução. Como era fim do dia decidimos seguir viagem até Hpa-An. A estrada até a cidade é bem sinuosa e estando de noite fez com que nossa viagem demorasse bastante. Chegamos bem tarde, já era quase 22:00. Foi só o tempo de encontrar um hotel e dormir, estávamos mortos.

Yangon
Como chegamos bem de noite, mal conseguimos conhecer a cidade de Hpa-An. Foi só descansar para no dia seguinte seguirmos rumo a Yangon, a maior cidade do Myanmar. Em Yangon, chegamos na rodoviária que fica um pouco afastada do centro da cidade. De lá tivemos que pegar um ônibus local para chegar até a área mochileira. Pegamos esse ônibus na beira da estrada logo na saída da rodoviária, junto com os locais. Chegando na cidade ainda tivemos que caminhar até o albergue que nos foi indicado. O albergue era bem localizado e limpo. Em Yangon, decidimos passear pela cidade um dia e caminhamos sem roteiro. Bem para começar a entrar no clima do novo país e da cidade. Nessa caminhada percebemos bastante influencia de indianos nessa bairro central. Aquela sujeira clássica, os cuspes de tabaco no chão deixando aquela cor avermelhada (aqui no Myanmar eles importaram esse costume. Aqui também tem as barraquinhas vendendo uma espécie de trouxa feita de uma folha e tabaco.). Fomos até em um restaurante indiano um dia. Em outro dia, decidimos visitar a Shwedagon Pagoda. Um lugar sagrado para os myanmarenses. Uma linda pagoda toda folhada em ouro. Um espetáculo de construção. Ficamos um bom tempo admirando a construção e as pessoas que estavam ali. Rendeu algumas fotos interessantes. Muitos monges por ali também. Saímos da pagoda e fomos visitar um parque nas redondezas (Parque Kandawgy). Ficamos lá conversando, e olhando o movimento. Voltamos para nosso albergue e decidimos comer na rua. Tinha uma feira noturna com várias opções de comida. Pedimos um peixe frito daqueles de comer com a mão e uma cerveja para refrescar, a noite está bem agradável. Estamos em Janeiro, e é verão aqui. Decidimos nosso roteiro no Myanmar e o nosso próximo destino seria a cidade de Bagan. Como estava querendo economizar, decidi voltar para a rodoviária que chegamos e comprar as nossas passagens para Bagan (no albergue estavam cobrando quase o dobro). Demorou pacas para eu voltar, era sexta-feira e o transito estava caótico. Deu certo, comprei as nossas passagens para o dia seguinte.

Bagan
Vamos dizer assim: a compra da passagem e a falta de leitura nos levou a uma viagem bem complicada (hahaha) até Bagan. Nosso ônibus saiu ao final do dia de Yangon e iríamos viajar até Bagan pela noite. Chegamos eram umas 03:30 manhã na “rodoviária” de Bagan, até aí tudo bem, afinal sabíamos que chegaríamos nesse horário. O problema foi que quando chegamos a “rodoviária” era uma armação para pegar turista. O ônibus parou uns 5 km antes da rodoviária oficial da cidade e já tinham alguns tuk-tuks nos esperando. Ou seja, esquemão para todo mundo, menos nós. Bom, já fiquei puto com a armação. Descemos e fomos negociar com o pessoal que compramos uma passagem até a rodoviária e não no meio do nada. Começamos a negociar, estávamos sem muita opção. Consegui fechar um valor razoável para o horário, porém a pegadinha não acabaria ali. No meio do caminho para Bagan, o taxi para em um posto de controle que pede uma “taxa turística”, foi a gota. Fiquei mais de cara ainda, como assim? taxa de visita? Não tinha lido nada. Voltamos para a rodoviária de verdade. Agora estávamos lá tentando negociar um taxi que não passava pelo posto de coleta da taxa. Claro, nenhum queria nos aceitar, e até comentaram que se alguém nos pegasse sem a comprovação da taxa teríamos que pagar uma multa (aqui foi o meu erro, realmente a tal da taxa é obrigatória e vimos um guarda cobrando o tal bilhete somente no templo mais famoso), enfim, eram umas 04:00 da manhã, estávamos mortos. Pegamos um taxi até Bagan, pagamos a taxa de visita e chegamos na cidade. Quando o cansaço é grande, o que você faz? Descansa, certo? Pois bem, no nosso orçamento e no estilo de viagem não reservamos quase nenhum hotel. Chegamos na cidade para ver as opções e batemos perna para negociar valores. Depois de um tempo, encontramos um quarto triplo, a pousada era nova e os donos ainda estavam querendo aumentar a clientela, então foi bom para nós. Enfim, estávamos em Bagan. Aproveitamos para dormir e descansar de verdade. A Jamile coitada, estava morta de cansada. Estava conosco quase uma semana e já estava no meio do olho do furacão do nosso estilo de viagem (ainda bem que na viagem dela com o Gui e a Bibi na India foi uma preparação para esse estilo de viagem). Bagan é sinônimo de templos, muitos nesse caso. Viemos para cá para conhecer os templos. Fizemos em dois dias. No primeiro dia alugamos 3 bicicletas e fomos pedalar pelos templos. A “cidade” de Bagan é um pouco afastada dos templos, por isso, para visitar os templos vc precisa alugar algum meio de transporte. Saímos da vila de Bagan e fomos pela estrada que chega nos templos. A estrada é tranquila, e aos poucos você começa a ver os primeiros templos. Segure a ansiedade, pare para ver esses primeiros templos sabendo que vai tomar uma surra de templo. Vc verá vários aos longo da área que eles estão. Cada um com o seu detalhe, uns maiores, outros menores, uns abandonados, outros cheios de turistas, tem de tudo. Os templos são feitos de tijolos e seguem um formato de pagoda. Uma base quadrada e uma pagoda no topo. Ficar ali nos templos é muito legal, pedalar pelo meio deles sem escolher qual ir visitar é o que de melhor tem para se fazer. Nesse dia decidimos ver o por-do-sol do alto do templo mais famoso, Shewesandaw Pagoda. Nesse templo foi o único que vimos pessoas pedindo o ticket da taxa turística, mas de uma maneira bem aleatória. Muitos turistas, chegue cedo para garantir seu lugar para o ver o sol se pôr. No dia seguinte voltamos aos templos, dessa vez alugamos duas bicicletas elétricas (a Jamile patrocinou a investida nas bikes =), com as bikes elétricas, conseguimos ir mais longe, e aproveitamos para conhecer outros templos. Começamos o dia em um templo que tinha uma feira bem na sua entrada, e lá tomamos um café da manhã. Uma espécie de café alaranjado, bem estranho, mas arriscamos mesmo assim. Estava bem bom. O mais engraçado foi quando chegamos e os jovens locais que já estavam ali meio que voltando de uma noitada nos olharam com ar de curiosidade, já que não tinha nenhum ocidental na barraquinha. Aqui as mesas e as cadeiras são baixinhas também, e é bem engraçado ficar por ali, tomando café e batendo papo. Com as bikes elétricas decidimos ir visitar templos mais para dentro da área de templos e conseguimos chegar em alguns mais isolados.

Mandalay
Decidimos ir para Mandalay pois vimos que era uma cidade maior e também poderíamos visitar uma ponte feita de madeira que vi em fotos, estava curioso para ver e conhecer. Saímos de Bagan no meio da tarde e chegamos em Mandalay no fim do dia. Não tínhamos reserva e ficamos perto de uma região central da cidade. Ficamos em um hotel simples. Estava garoando e o tempo não estava tão bonito. Jantamos perto do hotel. No dia seguinte tínhamos a ideia de visitar a cidade e no fim do dia ver o pôr do sol na famosa ponte, pura decepção (hahaha), o dia amanheceu nublado de novo e ficou assim o dia todo. Conseguimos caminhar pela cidade, almoçar em um restaurante que fazia comida ocidental (leia-se hambúrguer ruim e caro) e só. As meninas até fizeram compras. Compraram um pano tradicional para fazer a saia burmese que as mulheres usam. O dia passou, foi um dia bem preguiçoso. A noite saímos do hotel e fomos jantar numa feira de rua. Estava frio. Como o clima não ajudou muito para vermos a ponte, decidimos seguir viagem. Nossa próxima cidade seria o lago Inle (Inle Lake).

Inle Lake
No hotel conseguimos uma van que nos levaria até Inle Lake. O trajeto até a cidade é bastante sinuoso. Acredito que passamos por uma das regiões mais altas do Myanmar. Foi um dia todo de viagem. Chegamos no fim do dia na vila. Uma vila bem pequena porém que recebe bastante turistas. O lago Inle é bem famoso na rota turística no Myanmar pois é possível fazer um passeio  de canoa motorizada (uma embarcação mais veloz) que leva até 3 pessoas para visitar as pessoas que moram no lago. Além deste passeio, em Inle Lake existe a opção para fazer trekkings. Nós optamos pelo passeio de canoa (é algo bem turístico, acredite). Agendamos no próprio hotel e o “porto”  de saída do passeio era bem na frente do hotel. Acordamos cedo, tomamos café e já fomos para o passeio. Estava frio, e saímos com agasalho. A primeira parada do passeio é para ver os pescadores do lago que além da rede de pesca normal usam uma espécie de gaiola para pegar peixe onde eles “atiram” essa gaiola em direção ao cardume. Além dessa gaiola de pesca esses pescadores desenvolveram uma técnica de remar com as pernas ao mesmo tempo que pescam (é quase uma dança). Ver esse tipo de técnica me chamou muito a atenção. Gostei de ver essa nova maneira de pesca. Tiramos algumas fotos e seguimos para a próxima atração. Paramos em um mercado flutuante. O mercado pelo que entendemos é o centro comercial do lago, e muitos dos moradores que vivem em suas casas de palafitas vão ali para se abastecer. Ficamos um tempo ali, tiramos algumas fotos e até compramos algumas frutas. Saímos do mercado e seguimos com nosso passeio. Entramos dentro dos canais formados pelas plantações ou algas que formam uma espécie de “ilhas” dentro do lago. Fomos agora conhecer um grupo de artesãos que trabalham ali (o tour começou a ficar bem turístico daqui pela frente). São artesãos que produzem panos e outros objetos a partir de lã. No mesmo espaço tinha também uma fábrica de charuto (??) e aquelas mulheres que colocam argolas ao redor do pescoço (mais turístico impossível). Bom, seguimos nosso passeio, já estava na hora do almoço. Almoçamos em um restaurante no meio do lago. Ficamos observando as outras embarcações e seus turistas indo para os mesmos lugares. A tarde continuamos o tour e visitamos um templo budista. Esse sim, valeu a pena ter visitado. O templo ficava numa espécie de área fechada e tinha umas pinturas bem interessantes em seu interior. Foi muito legal visitar esse templo. Voltamos para o hotel no fim do dia, estávamos cansados. Fomos caminhar pela cidade para conhecer a vila. Jantamos em um restaurante de esquina, bem simples. Ficamos batendo papo sobre como estava sendo a viagem e como foram as nossas aventuras até então. É muito legal recordar o que já tínhamos passado juntos. Era chegado a hora de começarmos a nossa volta para a Tailândia. Decidimos pegar um ônibus noturno até Yangon. Eu não sei vocês, mas essa história de pegar ônibus noturno para “ganhar” uma noite de hospedagem nunca colou comigo e a Dani. Todas as vezes (e foram algumas) sempre chegávamos mais cansados na manhã seguinte (hahaha). Enfim, fomos nós para mais um ônibus noturno. Saímos perto das 23:00. O ônibus nos surpreendeu. Tinham bons espaços, realmente dava para até dormir. Cruzamos o Myanmar agora rumo ao sul. Chegamos em Yangon umas 05:00 da manhã. Agora era hora de buscar uma van para nos levar até a fronteira com a Tailândia. Até que conseguimos rápido. Tinha uma van que estava saindo as 05:30, avisei as meninas que tínhamos essa opção e elas aceitaram na boa. Pronto, às 05:30 já estávamos dentro da van com mais outros 3 locais. O deslocamento nessa região é bem devagar, e entramos na van sabendo que levaríamos o dia todo. Dito e feito, ficamos praticamente o dia todo na van. Paramos para almoçar em uma birosquinha no meio da estrada e só. Os burmeses são bem reservados (minha percepção). Muito pouca interação com os locais (exceto em coisas bem turísticas). Chegamos na fronteira perto das 15:00 e agora era só atravessar a mesma ponte a pé. Estávamos de volta na Tailândia. Não sei o que aconteceu, mas mesmo após o dia todo de van e a madrugada no ônibus, estávamos empenhados em seguir viagem. Logo que pisamos na Tailândia de novo fomos até a rodoviária e decidimos comprar os tickets para o próximo ônibus até a cidade que queríamos ir, Sukhotai. Que dia! Chegamos debaixo de muita chuva e mortos de cansados. A janta foram exatos 3 miojos e um pacote de salgadinho para cada um (bem nutritivo). Dormimos e deixamos para a manhã seguinte o que iríamos fazer na cidade.

Visitar o Myanmar foi muito interessante. Não tínhamos noção alguma de como seria visitar esse país e confesso que nos surpreendeu positivamente. Bagan e seus templos é um dos lugares mais bonitos que visitamos em nossa viagem de volta ao mundo, principalmente pela liberdade de conhecer sem as obrigações turísticas. Ficamos surpresos com o Myanmar.


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Postado por Leonardo Joucowski

Um cara do bem, que se esforça para escrever algo legal. Casado com a Dani e em estado de inquietude eterna.

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