Moçambique
Moçambique, meu amigo, não é para os fracos. Moçambique é BRUTO (definição: que continua no estado natural; que não foi trabalhado nem polido), isso representou o Moçambique para nós. Como viemos da África do Sul, que realmente não é a África que nos vendem, que nos ensinam, que nos mostram em campanhas de combate a fome. Moçambique é África. Depois de nos vislumbrar com as pessoas da África do Sul, fomos conhecer a natureza bruta do Moçambique. Assim como a Namíbia, o Moçambique passou por uma guerra civil para conseguir a sua independência dos portugueses, que foi de fato instituída em 1975 com o seu partido FRELIMO a frente da independência e seu general Samora Machel, o representante máximo dessa independência.
Quando se busca informação sobre o Moçambique logo percebe-se que os que vem descobrir esse país não são pessoas acostumada com turismo convencional, onde tudo está no lugar, tudo funciona, tudo vai sair conforme o planejado. Se para você esses detalhes realmente não fazem parte do seu estilo de viagem, então esse post é para você. Mas devo alertar, como coloquei no início deste post, o Moçambique é BRUTO. Então se é para ser assim, vamos ver o que fizemos nesse país.
Maputo
Saímos de Johannesburg em um ônibus noturno, seria mais uma viagem longa. Chegamos perto das 09:00 da manhã, logo na saída, percebemos que havíamos reservado o Airbnb, porém havíamos esquecido de pegar o endereço certo (cagada…rs), enfim, logo que chegamos já fomos procurar algum lugar que tivesse alguma internet disponível. Grande choque. Maputo não era tão estruturada quanto Jburg. Isso já até tínhamos ideia, agora não sabíamos que seria tanto. Caímos no centro de Maputo e por sorte entramos em uma loja e a vendedora disponibilizou a internet do seu celular para nós. Ufa. Estávamos com o endereço e agora tínhamos visto que as nossas hosts tinham preparado um táxi para nos buscar (coisas legais). Esperamos o taxista e ele nos levou para o apartamento onde ficaríamos. A Thais e a Flor, uma espanhola e uma francesa, estavam trabalhando e não estavam no momento para nos receber. Chegamos na região do apê e ficamos um pouco receosos, certamente pelo aspecto bem destruído e sem conservação das construções, coisas de primeira impressão que depois passa. Descansamos, estávamos mortos de cansados da viagem. No fim do dia conhecemos a Thais e a Flor, que foram super legais, nos receberam e já nos deram várias dicas do que fazer no Moçambique bem como dos cuidados gerais com o país. A Thais esta morando no Moçambique já faz mais de um ano e a Flor vai completar um ano. Aliás, esses estrangeiros em Maputo e no restante são realmente um reflexo da crise na Europa. Elas confirmaram isso. Em Maputo ficaríamos alguns dias a mais do que normalmente ficamos em uma cidade pois lá iríamos tirar o visto para Tanzania e Egito. Dito e feito, ficamos o tempo necessário e até um pouco com sorte, para tirar os dois vistos de uma vez só. Aqui a influência lusitana ainda é forte, tem bastante burocracia e demora, além de várias informações erradas. Vistos no passaporte, agora vamos conhecer Maputo, a capital do Moçambique. Em nossas andanças pela cidade saímos bem cedo e fomos caminhando por toda a cidade, desde a sua área portuária até o centro, passamos pela prefeitura onde está a estátua do General Samora Machel (líder da independência na guerra contra os portugueses). Nesse dia fizemos compras de um produto bem tradicional aqui no Moçambique, compramos as famosas Capulanas, vestimenta tipo de pano que as mulheres Moçambicanas usam como saia enrolada e também para segurar seus filhos nas costas. A Dani teve dificuldade de escolher as estampas que iríamos levar, tamanha a quantidade e variedade. A Capulana foi e é um símbolo característico do Moçambique, nos acompanhou por toda a nossa jornada. Numa noite, resolvemos experimentar algo diferente, as hosts faziam parte de um grupo de dança típica moçambicana e a Dani foi dançar e se divertiu. Em outra noite, combinamos de sair com a Flor, ela nos levaria na associação de músicos locais, onde todas as quintas rolava uma banda que fazia covers e improvisação de várias músicas, bom lugar, deu para relaxar e ouvir uma música boa. Até rolou um cover do Armandinho (…quando Deus te desenhou…blablabla) a Dani ficou surpresa quando eles tocaram essa música.
Fim de estadia na capital, estava na hora de começar a subir e começar a conhecer as famosas praias do país.
Praia do Tofo/ Inhambane
Logo cedo, e bem cedo, eram 3:30 da matina, fomos para a “rodoviária” de Maputo, e já cedo tivemos o choque para já acordar e ficar esperto. Quando chegamos na Junta, recém saímos do taxi e segundo a Dani, “meu, vieram uns 10 caras nos cercando e já pegando as malas, levando para sei lá aonde, eu só fiquei olhando o Leo pagando e logo tentando pegar as malas e arrumar um ônibus, fique sem reação.”. Apuro inicial passado, passagem do ônibus paga, lugares escolhidos, hora de tomar chá de espera. Eram 05:00 da manhã quando sentamos no ônibus e fomos sair só as 07:30 (eita!). A verdadeira África começava a mostrar o que estava por vir. No caminho para Inhambane, fomos vendo a paisagem mudando, já começavam aparecer as primeiras áreas de palmeiras enormes. A viagem foi bem demorada e para piorar, desde o momento que sentamos até a hora que descemos eles passaram uns vídeos de uma música típica que é bem ruim e perturbadora (eles colocam num volume bem alto) chama-se Marrabenta, porém não é a tradição que atrapalha e sim que as músicas são bem parecidas entre si e ainda os grupos mais modernos colocam uma influência do hip hop, o que piora a coisa (não tenho preconceito quanto a música local e nem hip hop, ok). Chegamos em Maxixe, onde pegaríamos o ferry-boat para ir a Inhambane. Cruzamos a baia e quando chegamos em Inhambane já tivemos a oportunidade de pegar um chapela, o tuk-tuk daqui e fomos direto para a praia de Tofo. O nosso hostel era na frente do mar, melhor lugar impossível. Descansamos, estávamos mortos e o dia seguinte prometia. Lindo dia de sol, tomamos um café da manhã e já aprontamos as coisas para pegar uma praia, ficamos o dia todo na praia, tivemos o nosso primeiro contato com o mar quente do Oceano Índico. Dia gostoso. Tofo é bem pequena, com um centrinho pequeno, algumas opções de restaurantes e só. A beleza do lugar está na praia mesmo.
Fim do dia, fomos dormir cedo pois nos preparávamos para o próximo dia.
Vilanculos/ Bazaruto
Novamente, cedo já estávamos de mochilas prontas. Descobrimos que tinha um ônibus que saía as 07:00 do centrinho e lá estávamos nós. O ónibus saiu pontualmente as 07:00 e nos levou até Inhambane. Logo que chegamos, como era Domingo, vimos que o ferry-boat já não estava funcionando, pegamos o barquinho local mesmo, uma espécie de barca. E de novo, que experiência, quando chegamos e sentamos que nos demos conta que o barco estava lotado e a água estava quase no mesmo nível da borda do barco, a Dani arregalou os olhos e me olhou com uma cara de “Meu Deus, vai afundar!”, dei risada, saquei o celular e tirei uma foto nossa. A Dani ainda perguntou para a moça do lado dela se já tinha afundado e a moça deu risada e brincou com ela dizendo que poderia afundar. Fim da travessia, próximo meio de transporte, o tão famoso e temido Chapa, uma mini-van caindo aos pedaço que eles colocam a maior quantidade de pessoas possíveis ao longo do caminho e que tem uma rotatividade enorme de pessoas ao longo do caminho, o que faz com que as viagens sejam bem mais demoradas do que um ônibus. Lá estávamos nós, dentro do chapa, porém fomos “privilegiados” ficamos no banco da frente junto com o motorista. Claro, demorou mais de hora para sair, já que eles só saem quando está cheia, isso é fato e não tem discussão. Aproveitamos para tomar um café no mercado de rua que tinha onde os chapas ficavam estacionados, comemos um pão doce que estava delicioso. Nosso chapa partiu eram quase 09:30 e foi até que não muito traumático para uma primeira experiência. Demorou bastante, como esperado, e em alguns momentos o calor foi pesado. Chegamos em Vilanculos e a pousada que tínhamos reservado nos surpreendeu bastante. Era de frente para o mar. Tinha uma piscina e um bar, a dona do local tinha recém voltado de Portugal e estava ainda organizando a pousada, o que nos ajudou já que o preço estava ótimo. No fim do dia fomos na praia ali na frente e depois vimos a lua nascer no mar, que espetáculo. No dia seguinte, arrumamos um passeio para conhecer a Ilha de Bazaruto, que é mundialmente conhecida pelos mergulhadores. Fomos em um barco com mais 6 pessoas. A ida foi bem tranquila, o mar estava calmo. Chegamos na Ilha e caminhamos na parte que dá para visitar, bem bonita. Depois já nos aprontamos para fazer snorkeling na cadeia de 2Km de recife que tem lá. Foi muito legal, a água estava limpa e com uma visibilidade incrível. Fizemos vários vídeos com a Gopro. Na volta o tempo mudou e pegamos uma bela de uma chuva, foi tenso (hahaha), mas deu tudo certo, mesmo com chuva não estragou o passeio.
Beira/ Nampula
Na noite anterior tínhamos agendado um ônibus que iria nos pegar na rodovia próxima a Vilanculos, estava tudo perfeito, evitamos mais um chapa e iríamos de ônibus. Pegamos um taxi compartilhado com mais duas espanholas e fomos até a rodovia esperar o tal do ônibus. Sabíamos que iria demorar, então ficamos sentados num bar na beira da estrada. A Dani aproveitou que tinha um monte de criança e interagiu com elas com uma peteca que ela trouxe do Brasil e na sequencia construiu uma peteca com as crianças com os materiais que eles tinham. Foi muito divertido. O tempo passou, tomamos algumas cervejas e veio o nosso ônibus, eis que chega a surpresa, as vagas que tinham arranjadas para nós já estavam lotadas. Não tinha mais espaço. Ficamos chateados, mais pelas espanholas que ja tinham dado até nome e com uns 2 dias de antecedência tinha feito a “reserva”. Enfim, nós decidimos voltar para Vilanculos e elas decidiram prosseguir pois no dia seguinte teriam que trabalhar em Beira. Chegamos exaustos na pousada de novo. A dona foi super compreensiva que deu até um desconto. No dia seguinte, nova tentativa, agora acordamos as 04:00 e fomos para o mesmo lugar na beira da estrada esperar algo, nesse caso, qualquer coisa. La pelas 06:00 falamos com um caminhoneiro e ele estava indo para Beira, acertamos o valor e fomos. Viagem mais que cansativa, o caminhão ia muito devagar. Levamos o dia todo para chegar a Beira. Na chegada, tivemos que pegar mais um chapa para então chegar a Beira de fato. Foi aquele perrengue. Eram 18:30, hora do rush. Caos na cidade. Já fomos tentar comprar passagem porém pela companhia que tentamos já não tinha mais para o dia seguinte. Por sorte, já tinhamos combinado de dormir na casa da Nuria, uma das espanholas e ela foi um anjo. No caos que estava, se não fosse ela nós estaríamos ferrados. Mandei uma msg para ela, e ela foi nos buscar e ainda nos levou para comprar passagem em outro lugar, o que deu certo. Chegamos na casa dela bem tarde, e ainda por cima acabou a energia e tivemos que tomar banho de caneca. Depois fizemos uma janta horrível (tipo um miojo para os dois) e dormimos, pois no dia seguinte, seria um longo dia até Nampula. Lá fomos nós, as 03:30 da manhã já estávamos no taxi indo pegar o ônibus. Saímos as 05:30 e nesse trecho sabíamos que iria ser tenso, já que a estrada é péssima, e o motorista andava muito, mas muito rápido, coisa de outro mundo, era melhor nem olhar para frente. Foi aquela viagem. Parava a todo o tempo, pegava um monte de passageiro, fora as músicas, aquelas mesmas que comentamos anteriormente que tocaram as 13 horas de viagem. Foi um teste. Estávamos testando os nossos limites. Chegamos em Nampula (ufa). De tão cansados que estávamos dos últimos 3 dias, decidimos que iríamos descansar mais um dia na cidade, o que foi ótimo. A Dani até cozinhou um strognoff para nós. Descansados, partimos para o nosso destino tão aguardado, a Ilha de Moçambique.
Ilha de Moçambique
Novamente, não conseguimos evitar um chapa. Este foi bem tenso no começo, quando chegamos no local, os caras já nos cercaram e já foram pegando nossas malas e tentando colocar num espaço impossível de caber. Eu estava já puto e falei para o cara que não iríamos com ele, pois queríamos ir na frente. Ele tirou as malas indignado. A Dani ficou um pouco com medo. Na sequencia já tentamos pegar um outro, já tinhamos colocado as malas num lugar descente, e já estávamos na frente quando o mesmo cara veio até esse chapa, falou algo na língua local e pegou nossas malas, levou até a mini-van dele e falou que nós agora iríamos na frente (aqui as coisas funcionam muito na base do dinheiro. Ele fez todo o esforço de tirar a pessoa que estava reservada no banco da frente só para não perder o dinheiro dos turistas. Isso foi algo que deixou nós bem chateados ao longo de nossa jornada pelo Moçambique.) Enfim, estávamos na frente, porém as malas ficaram nos nossos pés e a mala da Dani no meu colo. Como seria rápido optamos por não falar mais com o cara. Foi desconfortável, mas fazer o que. Chegamos a Ilha de Moçambique, e já sentimos a diferença. Lugar bem mais calmo, poucos carros, e por ser um Património da Unesco, ainda tem a sua arquitetura Lusitana preservada. O nosso hostel tinha mais 400 anos de construção, as paredes do lugar eram grossas para aguentar as balas. A ilha foi o lugar que escolhemos para descansar, de verdade. Depois do que tínhamos passado, era mais que necessário. Ficamos 3 dias na ilha. Por ser pequena, você acaba conhecendo a ilha numa tarde, porém as suas praias ao redor é que encantam. Numa manhã ficamos na praia chamada Pontão, bem próximo do farol. Mar azul claro. Já negociamos o passeio para a nossa outra praia, a praia Carrusca. No hostel, fizemos janta e ficamos tomando cerveja com o pessoal que trabalhava. Papo bom. No dia seguinte, saímos cedo e fomos de Dhown (um espécie de jangada deles), foi só com o vento, bem devagar, mas legal. Carrusca é a praia mais absurda que vimos até então, mar azul turquesa, areia branquinha, paraíso na terra. Ficamos no mar e depois fomos caminhando até a vila de Carrusca, onde almoçamos na casa de uma cozinheira local. O peixe estava ótimo, comida simples, arroz com leite de côco que soltava um aroma incrível. Voltamos para a ilha e fomos descansar. Fim da nossa estadia nesta linda ilha. Já estávamos nos preparando para o nosso próximo destino, a cidade de Pemba.
Pemba
Pemba seria uma cidade que até daria para pegar mais uma praia, porém decidimos que não iríamos por dois motivos: um, é uma das cidades mais caras do Moçambique, dois, já estávamos realizados de praia e do Moçambique. Logo, fomos até Pemba só para dormir. Saímos as 04:30 da manhã (percebem os horários que tenho descrito que estamos acordando?) e fomos de taxi (ufa, um chapa a menos) até uma cidade onde iríamos pegar o ônibus para Pemba. Chegamos nesta cidade e o ônibus já estava lá, pronto para sair. Foi o tempo de tirar as malas do taxi, os caras do ônibus já pegaram as nossas malas e levaram no fundão do ônibus (que estava lotado) e ponha lotado. No chão tinham vários sacos de algum grão, todos os assentos cheios, sentamos nos primeiros e que sobraram. Fora a quantidade de outras coisas que foram colocadas dentro do ônibus no caminho. Esse ônibus foi um como um chapa, só que em um ônibus. Ele parou várias vezes ao longo do caminho, e cada vez colocava quantas pessoas dessem. Num dado momento, entrou um sujeito e suas duas galinhas vivas. Adivinha aonde as duas galinhas viajaram? Embaixo do meu banco! Quando olhei elas sendo colocadas olhei para a Dani e demos risada da cena, hilária. Chegamos em Pemba, nada de mais nesta cidade. Ficamos em uma pensão indicada por um cara que estava no ônibus. Ele foi bem gente boa, nos levou até lá. A Dani começou a ter um pouco de febre e problemas intestinais (o famoso piriri, para as mulheres). Não dormimos bem por conta disso e ainda, na cidade não tinha nada de opção de comida saudável, foi bem complicado, já que teríamos que estar bem para o próximo dia, que seria um dos mais difíceis. Quanto mais ao norte do Moçambique, mais pobre vai ficando e com menos infraestrutura teríamos.
Mocimboa da praia
Ultima perna no Moçambique. Saímos bem cedo, a Dani não estava 100% mas falou que daria para ir. Chegamos no local do ônibus eram 4:30 e lógico ele só saiu quando encheu, já eram 06:00 da matina. Desta vez o ônibus era um ônibus escolar, sem reclinar o banco, aliás (todos os meios de transporte que passamos e relatamos aqui, nenhum tinha o banco reclinável, ok? só para constar). De novo, a mesma história, ônibus lotado, parava a cada momento, ou para subir pessoas ou para as pessoas comprarem coisas. Viagem longa, mas já dava para perceber a mudança de paisagem, o verde e as montanhas começavam a predominar. Chegamos em Mocímboa e no caminho percebemos que no mesmo dia daria para ir para Tanzania, mesmo a Dani não muito bem, não tivemos dúvida, decidimos ir. Fizemos câmbio de Shiling na cidade, e fomos num chapa até a fronteira. A estrada estava até que boa até que virou estrada de chão e o pneu do chapa furou. Perdemos um tempo, arrumaram o pneu e chegamos na fronteira, que agora tinha um rio, o Rio Rovuma para ser atravessado. Como a maré estava baixa, o ferry-boat que tem ali não estava funcionando, o jeito foi entrar em um barco minúsculo. A entrada no barco, que já estava lotado, foi tipo aquela cena das zebras entrando no rio cheio de crocodilo, uma bagunça, salve-se quem puder. Fomos nós, tiramos os tênis e, quando entramos no barco ele começou a entrar água de tanta gente que tinha, fiquei tenso. Só olhei para a Dani e falei, “Dani, sai do barco agora. Vai afundar.” Nisso outras pessoas saíram e o barquinho estabilizou, ufa. Ok, tudo pronto, começou a travessia. De novo um barco minúsculo com um motorzinho fraco e mais de 30 pessoas nele. A borda dele quase imergia. Foi bem engraçada, pois os nativos falavam entre si e dava para perceber que eles estavam tirando sarro de nós estarmos ali. Teve um que tirou várias fotos nossas no barco tamanha a surpresa de nos ver ali naquela situação. Fim da travessia, hora de pegar a próxima condução, que nesse caso foi a caçamba de uma caminhonete. Não contar que logo na saída ja haviam pegado a nossa mala e tinham colocado num chapa que estava as outras 30 pessoas do barco. Recusei de ir e fomos com a caminhonete. Estrada de chão, cheia de buraco. Fizemos migração, que beleza, já estávamos na Tanzânia, e o pior tinha passado! Não se deixe enganar. Seguimos na caçamba e no meio do caminho vimos o chapa com o pneu furado. Passamos por eles, até que o motorista resolve voltar e pegar as 30 pessoas e colocar em cima da caçamba. Na hora, de novo, olhei para a Dani e falei “Fica sentada aqui no chão entre as minhas pernas que eu vou ficar de pé para te proteger”. Pensa na cena, de 30 pessoas correndo atrás da caminhonete num salve-se quem puder. Todos subiram, com suas malas espalhadas até onde não dava. Seguimos viagem, seriam mais 1 hora de estrada de chão até chegarmos em Mtwara. Que fim de dia! Já eram mais de 19:00, um breu, aquela galera na caçamba e a Dani no chão não vendo nada. Chegamos em Mtwara, estávamos exaustos. Por muita sorte, a caminhonete parou na frente de hotel que tinha tudo, ar condicionado, wifi e chuveiro quente. Não pensamos duas vezes, foi esse mesmo, custe o que custasse. Fim de dia, e que dia. Levamos o nosso corpo e mente num nível de exigência e limite que jamais seria testado se estivéssemos no Brasil. Moçambique não é para qualquer um, isso nós podemos garantir.
Comentários (11)