Georgia

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A Georgia foi onde começamos nossa viagem com o Dada e Mi, ambos de Curitiba. A Georgia entrou no nosso roteiro por indicação do Gui (do Saíporai), o qual fez uma viagem por essa região intitulada “Países que não existem”. Nessa viagem ele passou pela Georgia, que serviu como um hub para acessar os países da rota dessa viagem. O relato dele despertou em nós o desejo de conhecer a Georgia justamente pela parte norte, a região de Svaneti, bem famosa pelas caminhadas da região e pelas famosas torres de observação (patrimônio da Unesco). Eu já tinha visto também o trabalho do fotógrafo Aaron Huey (fotógrafo do National Geographic com trabalhos fantásticos). Nesse trabalho fotográfico ele retratou como viviam as pessoas em Mestia e região. Um trabalho fabuloso. Vale a visita no site dele. Inspirados, colocamos a Georgia como o nosso 11o país a ser visitado.

Batume
Saímos da Turquia e já fomos para a fronteira entre os dois países. Já estávamos ansiosos para mudar de país, afinal, foram 38 dias de Turquia. É um excelente tempo para conhecer um país. Já na fronteira passamos um probleminha. A fronteira estava uma bagunça. A fila era uma aglomeração de pessoas. Já estamos safos que fronteira nunca é algo tão simples. Bom, problemas de filas resolvidos, estávamos na Georgia. Chegamos e já pegamos uma mini-van até o lugar onde iríamos ficar. Percebemos que a Georgia seria um país barato, comparado com a Turquia. Pela proximidade com a Rússia,  vimos que cerveja e cigarro são coisas baratas. Lembramos do Moçambique, onde esses dois produtos também eram baratos. Estamos em época de dólar batendo R$ 3,60, mas mesmo assim, é um país barato.
Em Batume, ficamos em um hostel bem central. Já no espírito de economia, ficamos em nosso primeiro quarto compartilhado. Sem problemas, o Dada e a Mi são bem quietinhos em termos de sono (hahaha). Viajando em mais pessoas tem suas vantagens: dá para economizar no supermercado, na hospedagem e no táxi. Já no 1 dia fomos dar aquela volta de reconhecimento. Batumi é famosa por ser um lugar de cassinos. Muitos turcos, armênios e iranianos vão ali passar férias e poder aproveitar os benefícios de estar em um país cristão, leia-se álcool e festas liberados. No dia seguinte, ficamos no hostel para planejar o nosso roteiro. Batumi é a região litorânea da Georgia, porém para quem vem de vários dias no litoral do Mediterrâneo (ok, sei que não dá para comparar, mas…) não foi um litoral que nos chamou a atenção. Já estou experimentando as cervejas locais, que são bem boas. As cervejas aqui são servidas em latas, long neck e litrão (!!). Isso  mesmo, eles vendem cerveja em litro em garrafa PET, bem estranho para o nosso costume de país tropical, mas a cerveja é boa mesmo assim ;). Roteiro fechado, hora de partir para o norte. Pegamos o nosso primeiro trem na viagem. Saímos de cedo Batumi e fomos para Kutaisi.

Kutaisi
Nossa viagem de trem foi tranquila. Mesmo indo devagar, dá mais tempo para dormir e ler sobre o que fazer na próxima viagem. Chegamos em Kutaisi e caminhamos até o hostel. De novo, quarto coletivo agendado, preço bom para todos e hostel com espaço para cozinhar. A Dani já curtiu pois poderia cozinhar para todos, o que ela adora fazer. Ainda tinha uma máquina de lavar e lá fomos todos fazer maquinadas de roupa que estava acumulada da Turquia. Kutaisi se mostrou uma cidade bem conservadora. Daquelas cidades do interior que todo mundo se conhece e se encontram na missa para rezar. Falando em missa, a Georgia é um país muito religioso. A influência religiosa é tanto que as principais atrações do país são as igrejas e monastérios. No dia seguinte, fomos visitar dois lugares: o monastério de Motsaneta, que fica no alto das montanhas e o complexo de Saint Nicholas, uma igreja rodeada de casas que serviam de lugar de estudos antigamente. Numa noite fizemos uma macarronada regada a uma cervejinha. Estava ótima. A Dani e o Dada comandaram os fogões e mandaram muito bem. Saímos de Kutaisi e fomos em direção a Mestia.

Mestia
No caminho para Mestia já percebemos a mudança no clima. O vento constante já era um fato. Estávamos indo para uma região montanhosa. A serra que passamos para chegar em Mestia é muito bonita. A estrada com várias curvas deixa alguns mais fracos de estômago meio mareado. Nós passamos ilesos. Logo na chegada já avistamos as famosas torres de Mestia. As torres de observação são um detalhe a parte. As propriedades mais antigas tem uma e o mais interessante é que os novos moradores mantiveram e construíram as suas novas casas ao redor, preservando estes patrimônio da Georgia. O impacto visual é lindo. A sensação que dá é que voltamos na época medieval. Em Mestia ficamos em uma guesthouse e logo que chegamos vimos uma conversa de um casal de israelenses explicando como foram os 4 dias de caminhada que fizeram para um outro casal. Nós (eu e a Dani), só ficamos de butuca ali, escutando. Após eles explicarem como foi e o que viram, não tivemos dúvida, aquela conversa brilhou nos nossos olhos. Decidimos que iríamos fazer os 4 dias de caminhada. No dia seguinte, no café comunicamos ao nosso casal amigo, que iríamos “abandonar” eles por um tempo. Aceitaram numa boa. Tivemos o dia seguinte para aproveitar e conhecer um pouco a cidade. Fomos de carona até o topo de um morro e de lá pegamos um lift até o topo da montanha onde tem uma estação de esqui. O visual lá de cima é fantástico. Fomos os 4 e ainda deu para fazer uma caminhada pelo topo do morro e ver o outro lado do vale de Mestia. Fizemos umas fotos tipo “book” para o Dada e a Mi, que estão noivos e pretendem se casar. O clima estava ótimo. No dia seguinte, foi descolar os mapas dos quatro dias de caminhada, arrumar as malas e partir para o trekking no meio das montanhas da Georgia.

Zhabeshi (Svaneti) – 15 Km
Acordamos cedo a tempo de dar um tchau para o Dada e a Mi, que iriam aproveitar Mestia e algumas cidades ao redor também. Combinamos de nos encontrar em Tiblisi em nossa volta. Ok, tudo pronto, mapa na mão, aquela última olhada na direção e começamos. 30 minutos depois, percebi que a estrada estava ficando meio longe de onde deveríamos estar. Pronto, erro número 1, estávamos indo para a direção correta, porém na estrada errada. A Dani já ficou de cara comigo. Bom, rota ajustada, voltamos até a cidade e agora sim, achamos a rota certa. Mesmo que a indicação de sinalização (que são duas listras em paralelo nas cores branca e vermelha) que teoricamente deveria estar lá, as vezes ela não aparecia. Enfim, já estávamos na trilha de novo. O percurso tem bastante altimetria, ou seja, muita subida. Perto do meio dia chegamos num platô com uma vista muito bacana da vila onde iríamos dormir na primeira noite. Ali fizemos um break para recarregar. Logo percebemos que esta trilha é bem famosa e muitos europeus e israelenses a fazem. Almoço feito, era hora de seguir.  Caminhamos ladeira abaixo, numa trilha fácil. No almoço comemos um lanche em uma encruzilhada. Nela percebemos poucas marcas da estrada, porém decidimos ir pelo caminho indicado no mapa. Encontramos as marcas em uma vila próxima. A vila também tinha as famosas torres. Tirar uma foto aqui não é algo muito difícil. Seguimos a tarde e nos perdemos. Não vimos mais as marcas e decidimos pegar um outro caminho que voltava para a estrada principal que andava em paralelo. Por sorte, chegamos em uma cidade e lá estava a bendita marca de novo ;). E mais, nessa cidade aproveitamos para abastecer de água (a água da região é limpa, dá para pegar a vontade) e lá tinha uma casa com o letreiro “Beer”. Avistar aquela palavra depois de um tempo perdido foi como ver água num deserto. Fomos certeiros para tomar uma gelada. Chegamos no bar e pedimos uma cerveja porém não TINHA (fué). Ok, comemos algumas nozes e seguimos. Fim do dia, já estávamos ficando cansados, e chegamos na primeira cidade, Zhabeshi. Na chegada da cidade um senhor já nos recebeu e perguntou se precisávamos de uma hospedagem, comentamos que sim e fomos para a casa dele (aqui é bem comum as famílias receberem os andarilhos e cobrar a hospedagem com todas as refeições inclusas, vale muito a pena). A comida estava ótima. Comida simples, de interior. Carregada naquela gordura de vaca do sítio. Uma delícia. Estávamos acabados. Foi tomar um banho e dormir, pois no dia seguinte seriam mais 10km.

Adishi (Svaneti) – 10 Km
Acordamos cedo, tomamos aquele chazinho, comemos katchapuri (uma espécie de pão com queijo derretido dentro), geléia, pão normal. Fizemos o nosso “almoço”, que foi o mesmo pão com katchapuri. Arrumamos as mochilas e partimos para mais um dia. Novamente, saímos da casa da família, início da trilha e ficamos perdidos de novo (hahahaha). Agora, novamente, demoramos para encontrar a marca e um grupo de alemães, que estava com uma guia georgina, também estavam perdidos. Nós aproveitamos e ficamos próximos deles para ver onde iríamos. De novo, muita altitude, precisamos passar para o outro lado do vale. Foi uma pirambeira das boas. O engraçado foi que mesmo a guia não se achava no meio do mato. Bom, pelo menos ela tinha um celular que funcionava e volte e meia ligava para alguém e pedia instruções. Fizemos amizade com o grupo. Já depois do almoço, passamos para o outro lado do vale e reencontramos a trilha. O caminho a partir daqui começa a ficar interessante. Um visual sensacional. As montanhas da Georgia não são tão altas, mas de pensar que logo ali na frente está o monte Elbro (a maior montanha da Europa) já é de animar. A chegada até Adishi é uma trilha bem fechada que termina na vila. O mais impressionante é a chegada nessa Vila. Que visual. Você vem pelo topo do morro e lá embaixo avista a pequena vila de Adishi, como nos tempos medievais. Novamente ficamos em uma casa de família e lá tivemos contato com mais uma família georgina. Que experiência. Dormir em uma vila com 11 famílias foi fantástico. Na manhã seguinte, tomamos café da manhã com um leve frio, porém a casa estava aquecida com o fogão a lenha onde faziam as comidas deliciosas.

Iprali (Svaneti) – 15 Km
Acordamos cedo e na noite anterior já havíamos reservado o cavalo que levaria nossas mochilas por 5 km e depois iria nos ajudar a atravessar o rio. Já haviam nos orientado a alugar o cavalo. Alguns europeus insistentes não alugaram no dia anterior mas quando chegaram no rio para atravessar viram a necessidade. Rio cruzado, foi uma aventura. Nessa dia íamos para o outro lado do vale, então foi mais uma subida, porém agora seria mais tranquila já que do outro lado era só descida até a próxima cidade. No caminho avistamos um glaciar , em alguns momentos, até ouvimos barulhos como que trovões das movimentações dos blocos de gelo. Lembramos da nossa visita ao Perito Moreno na Argentina. Quando chegamos no topo foi tempo de almoçar e só ficar observando o vale e o rio. Seguimos a caminhada e a descida foi regada a muitas flores, abelhas e borboletas. Parecia mesmo que estávamos dentro de uma pintura. A Dani não parava de fazer vídeo, fotos e parar para observar o caminho. Chegamos na nossa penúltima cidade do trekking e nesse dia não nos perdemos. 😉 O caminho estava bem fácil de se achar.

Ushguli (Svaneti) – 10 Km
Dormimos novamente em uma casa de família, com tudo incluso. Acordamos cedo e já fomos rumo a nossa última cidade do trekking, Ushguli. Começamos a descer e caímos na estrada principal. Esse último dia já sabíamos que não seria muito interessante e seria basicamente em estrada de chão, comendo bastante pó. Lá pelas tantas, vimos que estávamos um bom tempo sem ver as marcas do caminho. Pedimos para uma van parar e descobrimos que estávamos indo em direção contrária (de novo..). Isso “brochou” bastante a nossa caminhada e decidimos ir até Ushguli com essa van mesmo. No meio do caminho um outro casal de polonês que nos acompanhou durante a caminhada toda também entrou na van, foi meio que um “prêmio de consolação” para nós, já que esse casal era muito bom na navegação e estavam sempre caminhando no caminho certo. Chegamos a Ushguli. Uma vila bem pequena também e agora parece que as torres de observação estavam em maior quantidade. O visual ficou mais bonito ainda. Tomamos uma cerveja para celebrar o fim do trekking, discutimos os nossos erros durante a caminhada (quem sabe aprendemos alguma coisa com os erros) e voltamos para Mestia em uma viagem de mais de 5 horas. Foi uma ótima caminhada. Foi um ótimo exercício para a caminhada do Annapurna no Nepal em Setembro/ Outubro.

Tiblisi
Ficamos em Mestia mais uma noite. Contatamos o Dada e a Mi e eles tinham recém chegado em Tiblisi. Conseguiram alugar um Airbnb para nós 4. Eles conseguiram um preço muito bom para ficarmos. Saímos de Mestia com a sensação muito boa. Conseguimos fazer bem o trekking e ainda conhecemos uma região que muito queríamos nessa viagem. A van até Tiblisi levou 13 horas para chegar. O caminho era longo. Cruzamos o país inteiro quase. Chegamos em Tiblisi e lá ficaríamos mais de 4 dias na cidade. O apartamento que eles conseguiram era muito show e o preço muito bom. Aproveitamos para cozinhar bastante. A Dani estava empolgada na cozinha. Tiblisi é a capital da Georgia e tem um ar bem europeu (mesmo não estando no continente, o Dada e a Mi confirmaram que é). Com suas praças e o rio cruzando a cidade, em um dia saímos para conhecer o centro da cidade. Fomos na Old Tiblisi e a sua famosa ponte que fica do lado da ópera house. Ambas com uma arquitetura bem moderna. Visitamos uma feira de antiguidades que vendia vários itens da antiga União Soviética e vários artigos de guerra. Compramos os famoso vinho georgino para um jantar. Em outro dia fomos visitar o complexo David Gareja. Esse complexo fica afastado da cidade e localizado bem na divisa entre a Georgia e o Azerbaijão. O complexo não é possível visitar pois ainda alguns monges vivem ali. A vista do lugar é bem bonita, vale a pena. Em nossos últimos dias fomos para Mtshketa, também uma cidade um pouco afastada da capital (mais perto que David Gareja) e lá visitamos duas igrejas. Visitamos a Mtshketa Church uma das igrejas mais antigas da Georgia. Na última noite em Tiblisi tivemos que sair do Airbnb e fomos para o hostel no mesmo terreno. Os donos eram bem estranhos e a decoração tinha vários adereços com a suástica (o Dada perguntou para o dono o porque e ele comentou que é um símbolo antigo e significa alegria, porém não nos convenceu, já que até o cachorro se chamava Adolf..hahaha).

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Postado por Leonardo Joucowski

Um cara do bem, que se esforça para escrever algo legal. Casado com a Dani e em estado de inquietude eterna.

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