Armênia
A Armênia também entrou em nossa rota por causa do Gui (do Saí por aí). Conhece-se muito pouco sobre essa região, já que não é muito turística. Ainda estamos com nossos companheiros de viagem, o Dada e a Mi. Se você olhar no mapa Mundi vai perceber que seria muito interessante vir da Turquia para acessar a Armênia sem passar pela Georgia ou Irã, porém isso é impossível nos dias atuais, e não é impossível pois tem um abismo ou uma cadeia de montanhas maior que o Himalaia. É impossível por uma questão geopolítica. A 100 anos atrás o império Otomano realizou o 2o maior genocídio documentado da história. Documentado pois existem fatos, documentos e até um museu que comprova esse genocídio. Como a briga é antiga, o que acontece é que a ONU e a Turquia, bem como outros tantos países não reconhecem esse genocídio e é aí que fica a mágoa nacional armênia perante a Turquia. Tirando esse aspecto geopolítico, o povo armênio foi de uma receptividade muito boa. Com resquícios de domínio Russo, existem muitas semelhanças com a Geórgia nesse aspecto. A Armênia ainda tem briga com o Azerbaijão e volta e meia a coisa fica meio tensa na região autônoma de Nagoro-Karabakh. Curiosidade: a Armênia foi o primeiro país a adotar o Cristianismo como religião. A Igreja Apostólica Armena é reconhecida como a mais antiga do mundo. Curiosidade 2: a banda System of a Down tem seus integrantes todos descendentes de armênios. Vamos ver como foi nossa passagem por esse país.
Dilijan
Saímos de Tiblisi (capital da Georgia) de manhã. Pegamos um taxi que iria nos deixar em Dilijan. Já na fronteira percebemos que estávamos em outro país. As estradas da Armênia tem no canteiro canos enormes que acompanham a rodovia. Perguntamos ao motorista e ele nos explicou que era gás natural vindo da Rússia. A Armênia em alguns aspectos é bem dependente da Rússia, esse é um aspectos. Levamos quase o dia todo nos deslocando. Reservamos uma pousada e o gerente da pousada foi muito gente fina. Ele tinha recém inaugurado a pousada e aos invés de nos colocar em um quarto quadruplo, nos deu 2 quartos de casal. A pousada estava em fase de finalização, então estava ainda faltando alguns detalhes. O gerente estava tão animado em receber os primeiros clientes que na noite nos convidou para um churrasco com alguns hóspedes que eram amigos dele. Foi muito bom começar um país com essa receptividade. O churrasco foi irado, teve carne boa, frango, salada e vodka, muita vodka! Esses caras não brincam em serviço. O churrasco ficou tão animado que lá pelas tantas já estávamos fazendo rodadas de shot de vodka com todos. Em um momento nos animamos e todos foram festejar dançando músicas armênias, foi muito engraçado. Eu estava bem bêbado, hahaha. Lá pelo fim da festa, mais para lá do que para cá, fui me despedir do pessoal. E bêbado você sabe como é, faz merda. Na despedida soltei um “Thank you, Georgia!”. Puta merda. Não tinha trocado o país na minha cabeça. A cara deles me olhando foi do tipo “Ih, tá bêbado o outro, loqueou”. Pisei na bola, acontece. No dia seguinte fui pedir desculpas pela vacilada. Ressaca passada, o gerente nos levou para conhecer uma igreja da região de Dilijan. Os complexos/ monastérios/ igrejas armênias são de uma arquitetura bonita.Diferente da igreja Romana a igreja Armenia usa menos pinturas nas paredes e mais um trabalho de esculturas em pedras. Um trabalho bem detalhado. Decidimos seguir viagem. Decidimos ir até o sul da Armênia, fomos para Goris.
Goris
Como para chegar até Goris precisaríamos cruzar praticamente todo o país, decidimos ir de dia. Fomos de táxi, uma mercedes-benz (aqui tem muito Lada e Mercedes-Benz) só para nós. O carro era dos anos 90, mas era uma Mercedez-Benz, hahaha. Aqui não tem ônibus para longas distâncias. Cruzamos uma parte montanhosa na saída de Dilijan. No meio do caminho já percebemos a mudança na paisagem. Passamos perto do famoso lago Sevan. E mais ao sul começa a ficar mais frio. Em Goris tínhamos a intenção de conhecer o monastério de Tatev. Para isso, tentamos uma carona. Tentamos e logo conseguimos. Ótimo, o povo armênio também é da cultura da carona. Que nada, no fim da nossa jornada até Tatev o tiozinho que nos deu carona quis cobrar preço de táxi, mesmo nós falando no começo “no money”. Demos um dinheiro pela ajuda, mas não pagamos o valor que ele pediu. O monastérios de Tatev é conhecido por ter o bondinho mais comprido do mundo. São quase 15 minutos atravessando um vale dentro do bondinho. É sensacional a travessia. O monastério também é bonito, com uma arquitetura bem parecida com o que vimos em Dilijan. Muitos desenhos nas paredes do lado externo, algumas imagens no interior. Muitos fiéis vem até aqui. Em Goris, fizemos uma mescla de ficar um tempo hospedado em um hotel e um tempo fizemos couchsurfing. A nossa host era uma jovem armêna muito querida. Assim como todo jovem armênio, ela nos situou em relação como é viver na Armênia. E não deve ser fácil, muita pouca perspectiva para a juventude armênia faz com que eles saiam do país para morar fora o que faz com que o país fique um país de velhos. E de fato, tirando a capital, você não vê muitos jovens. Nossa host estava trabalhando até pouco tempo atrás na Grécia. Em um dia decidimos não fazer nada. Estava chuvoso então ficamos na casa da nossa host, descansando. Nesse dia a Dani pois em prática o a infalível tática do brigadeiro como forma de agradecer a hospitalidade da nossa host. Ela curtiu. Aproveitamos para pegar informação com o Dada e a Mi sobre o Sudeste Asiático e a India, que seriam os nossos próximos destinos, depois do Irã. Optamos por não ir a Nagoro-Karabakh. Achamos que não valeria a pena.
Yerevan
Saímos de Goris, no sul da Armênia e decidimos ir para Yerevan, a capital. Assim como a Geórgia, a Armênia é um país pequeno e em termos de turismo é bem fácil de esgotar em poucos dias. Como estávamos com tempo sobrando, decidimos ficar um bom tempo em Yerevan para nos prepararmos para o Irã. Descolamos um Airbnb muito bom, um ap bem central e foi ideal para nós 4. O Dada e a Mi aproveitaram para se preparar para Israel e depois a África. Esse tempo deu para fazer muita coisa: atualizar o blog, promover a reta final da nossa campanha de crowdfounding para o Nepal, traçar a rota no Irã, falar com os familiares e até ver filme dos anos 80, no apartamento tinha uma coleção de filmes clássicos dos anos 80 (Goonies e por aí vai). Em um dia aproveitamos o fim do dia para ver a Republic Square, a principal praça da cidade. Nela foi aonde aconteceu o show do System of a Down em lembrança do centenário do genocídio armênio, depois dá um Youtube e veja que bacana que foi o show. Em outro dia, saímos eu e a Dani para caminhar pela cidade sem rumo, fomos caminhando até cansarmos e voltarmos para o apartamento. Nesse dia aproveitamos para sentar em um café e ficar conversando sobre a viagem. Yerevan é bem organizada e bonita. Em outro dia fomos os 4 visitar o museu do Genocídio Armênio. O museu impressiona e achei muito parecido com o museu do Holocausto, em Jerusalém. É pesado a visita, mas vale a pena visitar para provocar a reflexão. Em outro dia, participamos de um free walking tour, uma espécie de tour organizado por um local que percorre um circuito pela cidade e ao final se você gostou dá uma contribuição para essa pessoa. Foi muito bacana, pudemos aprender um pouco mais sobre as obras e os monumentos que estão espalhados pela cidade. Nesse walking tour visitamos o museu Cafesjian Art Museum, simplesmente sensacional. O acervo de obras é impressionante. A parte externa do museu é muito bonita, que resolvemos voltar lá outro dia a noite só para ver as obras. Essa região de Yerevan é bem bacana. Como a Mi e o Dada não iriam estar conosco mais, e o aniversário da Dani estava próximo, resolvemos fazer uma surpresa para a Dani e a Mi fez um bolo. Foi muito bacana. E assim, nos despedimos desse casal. Viajar com outras pessoas foi algo que não planejávamos e acabou acontecendo de uma maneira tão bacana que sentiremos saudades de tomar decisões e conversar sobre vários temas com eles. Sentiremos saudades desses dois.
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