França

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A França, eita país de bastante influência, hein? Quer ver. Vou começar pelo famoso pão francês, quase todos os dias em nosso café da manhã aqui no Brasil, lá o famoso baguete. Alguém falou queijo? Vinho? Culinária? Moda? Ciclismo? História? Língua? A influência é grande. Até parece que o mundo foi colônia da França (por um tempo foi e alguns países mais né?). Me dei conta dessa influência quando pudermos viver e pedalar pelo país. Acredito que conseguimos vivenciar uma boa fatia do seu território. Fomos à França para entender tudo isso. Saímos mais surpresos do que entramos. Aprendemos muito. Pedalar por suas estradas abriu nossa viagem para outras perspectivas. Na França viramos “crianças” que pedalavam pelo jardim de uma tia que mora no interior. Aqui tiramos as “rodinhas” de nossas bicicletas. A França foi boa conosco. Nos apresentou pessoas, lugares e sua cultura de maneira que nos intrigou a conhecer mais. Gostamos da França, voltaríamos.

Roubaix
Entramos pela França pelo Nordeste do país. Nossa primeira cidade no país foi a cidade de Roubaix. Já começamos a perceber que bicicleta aqui também é coisa séria. Roubaix é bem conhecida por uma das provas mais clássicas do ciclismo internacional, a famosa Paris-Roubaix. Roubaix é também conhecida por seu velódromo de piso de madeira, mas nós viemos aqui por questão logística, não deu tempo de conhecer o velódromo (infelizmente). Viemos de um dia de pedal por canais que dividem a Bélgica e a França e quando nos demos conta já estávamos em terras francesas. Percebemos que os sinais de trânsito tinham mudado. Colocamos no Maps.Me o endereço do nosso Couchsurfing e fomos para lá. Logo que chegamos, ficamos um pouco perdidos. Não tínhamos o endereço exato. Demoramos um pouco para nos achar. Entramos na rua de nosso host e assim que chegamos nossa host veio nos receber. O bairro era de classe média. Afastado da parte nobre da cidade. Percebemos que estaríamos estreiando a França como gostamos, trocando com o local. A família era grande, a casa era grande. Nossa host era casada e tinha 4 filhos (dois menores que estavam conosco e dias adolescentes que estudavam fora de Roubaix). Fomos super bem recebidos. Nos deixaram super a vontade. Percebíamos que estávamos em uma família não-convencional. As crianças menores estavam sendo educados pela mãe (home schooling), o pai trabalha fora e um dos filhos mais velhos era mágico. Todas as crianças (pequenas e os maiores) tinha alguma habilidade com coisas do Circo, isso mesmo. A família era super envolvida com a arte circense. Nós adoramos. Os menores estavam de férias e como nós éramos os diferentes ali, fizeram questão de nos mostrar todos os truques de circo que sabiam fazer. Foi incrível. Jantamos juntos um folhado muito bem preparado pela mãe. Pela manhã saímos cedo e a mãe (muito com aurea materna) não deixou que saíssemos sem levar uma marmita para almoçarmos. E essa só tinha sido a primeira cidade.

Arras
Avançamos com nosso pedal pela França, pouco a pouco fomos entrando em seu território. Depois de Roubaix, viemos sentido a uma cidade chamada Arras. Pouco sabíamos sobre essa cidade. Até então era nossa cidade mais próxima e que conseguimos encontrar um Warmshowers (um couchsurfing só para quem viaja de bicicleta). Foi um dia de bastante calor, iríamos pegar algumas subidas, mas nada tão pesado. O calor foi o que sugou um pouco nossas energias. Nesse dia decidimos parar perto de uma floresta no meio da estrada que vínhamos pedalando. Fizemos um almoço e decidimos parar por mais tempo. O Sol estava forte. Esticamos uma canga e começamos a dormir. Uns quinze minutos depois, começamos a ouvir um barulho, tipo um trator chegando. Pensamos: deve ser um camponês começando a colheita, que nada, era um trator cortando a grama da lateral da estrada, justamente onde ESCOLHEMOS a dedo para fugir do sol. Tá de parabéns! Não tivemos escolha a não ser empacotar as coisas e continuar o pedal. Quando estávamos bem próximo da nossa cidade destino naquele dia, no topo de uma subida paramos para conhecer um memorial de combatentes Canadenses durante a 2a Guerra Mundial. O memorial era grande e ficamos passeando por ali. Seguimos nosso pedal e chegamos em Arras. Demoramos para encontrar o endereço, a casa de nossos hosts era meio escondida. Tivemos uma sorte, logo que chegamos onde deveria ser o endereço, nosso host estava saindo para resolver um assunto e nos “achou” no meio da rua. Foi um alívio, chegar nesse dia e ter uma casa para um banho. Nossos hosts eram incríveis. Conversamos bastante e eles nos convidaram para ir até a praça principal da cidade pois estava tendo um evento lá. Estávamos cansados, mas aceitamos o convite. Foi muito legal, tivemos a chance de ver como é a vida de uma cidade do interior da França em um dia festivo. Nos juntamos com um grupo de amigos deles, foi muito agradável. O fim de tarde estava incrível.

Perrone
Saímos de Arras e nossa intenção era chegar até Compiegne, como vimos que seriam mais de 100km até lá, decidimos parar em um lugar no meio do caminho. Buscamos opções de campings e encontramos um na cidade de Perrone. Nesse dia fazia muito calor, de novo. Estamos no final de Agosto e o verão continua forte. Viemos pedalando por estradas secundárias e decidimos parar no camping Port de Plaisance. O camping tinha uma estrutura ótima. Nesse dia fazia bastante calor que aproveitamos a piscina do camping que estava inclusa no preço. Nesse dia fizemos a estréia da nova barraca. Desde Bruxelas só tínhamos feito Warmshowers ou Couchsurfing. Adoramos a nova barraca, estava empolgado para usar ela pela primeira vez. Nesse momento da viagem eu estava trabalhando remotamente com um cliente no Brasil.

Compiegne
A próxima cidade que iríamos chegar seria a cidade em que Joana D’Arc lutou para libertar a cidade contra os ingleses na época. Chegar aqui foi uma batalha (rs), especialmente para a Dani. Saímos um pouco tarde do camping, até pegarmos o jeito de desmontar acampamento com a nova barraca demoramos um pouco para sair. Viemos em um dia que pedalamos mais de 80km e o calor estava pesado. Viemos por estradas secundárias e em um momento tomamos um caminho que nos colocou no meio de um grande parque perto de Compiegne que nos perdermos um pouco. Somado ao calor, mais o fato de estarmos perdidos, já termos pedalado vários quilômetros a Dani ainda caiu em um dos caminhos que pegamos que tinha areia. Por sorte ela caiu na areia, e não se machucou. Quando saímos da tal floresta ela desabafou, estava cansada, frustrada, exausta. Conseguimos chegar na cidade. A cidade era linda, tivemos que passar pelo centro da cidade onde tem uma praça na frente da prefeitura e nessa praça paramos para tirar uma foto com a protagonista feminina. Ainda tivemos que pedalar um pouco dentro da cidade para encontrar a casa de nossos próximos hosts. Chegamos bem cansados, mas ainda tínhamos que fazer a famosa “sala” com nossos anfitriões, no caso seria uma família de franceses que pedalavam, era a casa de um casal (o pai estava viajando) e seus 6 filhos, de várias idades. Fomos muito bem recebidos, a mãe estava bem empolgada em nos receber e os filhos que estavam na casa também. Eles serviram um janta bem boa, repusemos as energias e nessa noite eles nos mostraram como os franceses realmente comem queijo. No Brasil aprendemos a comer queijo como um prato (tipo queijos e vinhos), no café da manhã fatiado ou ralado no macarrão, certo? Certo, agora apague tudo o que você aprendeu de queijo e coma queijo como uma sobremesa. Estamos falando de QUEIJO (isso, QUEI-JO), queijo de verdade. Aquela “sobremesa” foi um divisor de águas. Saímos de Compiegne com a sensação de que os deuses franceses nos indicaram um novo mundo. De ali em diante, meus amigxs, foi uma palhaçada. Dia de descanso do pedal era estrategicamente pensado para pararmos em uma cidade que tivesse um Carrefour ou um Super Marche (outra rede famosa lá) justamente para que pudéssemos comprar para jantarmos 2 peças de queijo (Roquefort e algum outro queijo), 1 vinho local Bordeux e 1 baguete, pronto, estava feita a nossa janta. E claro, tudo isso pela bagatela de EU$ 5-6. É meus amigxs, a França não foi fácil não.

Paris
Decidimos ir para Paris para visitar a famosa e turística capital francesa. Para evitar a entrada em grandes cidades (de bicicleta com alforjes disputar com carros torna-se as vezes algo bem chato) paramos em uma cidade a 50km de Paris e pegamos um trem. O trem nos deixou na estação principal e de lá sim, saímos pedalando em direção a casa de nosso anfitreão. A história com nosso anfitreão começou 2 dias antes de chegarmos a capital. Publicamos nos perfis de nosso projeto se alguém poderia receber dois brasileiros em Paris, já que as hospedagem estavam caras e não conseguimos CS e nem Warmshowers. No dia anterior estávamos em um camping e até então ninguém tinha conseguido nos ajudar, até que acessei o FB e nos 45 minutos do 2o tempo um amigo nos conectou com o Alfi. Que maravilha, tínhamos um lugar para ficar em Paris. Quando voltei para a barraca e contei para a Dani, ela não acreditava, nossos anjos já estavam começando a trabalhar. Logo que descemos do trem na Gare, já subimos em cima da bicicletas e fomos pedalando até onde iriamos ficar. Já deu para sentir um pouco como é a capital francesa. Suas ruelas, suas boulangerie e os Carrefour, que depois tornou-se nosso grande aliado alimentício (lembra dos queijos e vinhos, então?). Quanto mais perto chegávamos ao nosso destino não acreditávamos o quanto privilegiados estávamos sendo. A localização era muito central. Chegamos ao nosso destino, uma galeria, sim! Íamos dormir em plena Paris em uma galeria, não é incrível? Quem nos recebeu foi o Alfi, que trabalhava na pequena galeria. O Alfi foi um cara incrível! Nos auxiliou com tudo o que precisávamos. Dormimos em um quartinho nos fundos da galeria, foi nosso cantinho em Paris. Alfi tem um coração enorme, gosta de uma boa conversa e deu a melhor dica de todas: visitem Paris de bicicleta. No outro dia já fomos visitar a cidade e não pensamos duas vezes, pegamos nossas bicicletas e fomos conhecer a cidade. Primeira parada, Torre Eifel. Chegar até a torre já foi mágico, viemos percorrendo a ciclovia que beira o rio Sena. Algumas fotos embaixo da torre, muitos turistas e resolvemos esticar o rolê. Próxima parada, Champs-Élysées e o Arco do Triunfo, aí sim, nos meios dos carros, bagunça boa. Comentei com a Dani que no último dia do Tour de France, os ciclistas passam por essa avenida e terminam a prova embaixo do Arco do Triunfo. Eu não ia perder a oportunidade de pedalar no mesmo solo que grandes nomes, falei para Dani: vamos entrar pela Champs-Élysées e vamos dar uma volta completa no Arco do Triunfo. Ela arregalou os olhos mas foi. Se você acha complicado dar uma volta completa em uma rotatória no Brasil, imagine dar uma volta em uma das maiores rotatórias do mundo com 11, eu disse ONZE saídas. Eu ria, eu gesticulava, eu filmava na Gopro, a Dani fingia tranquilidade (rs), estávamos no olho do furacão urbano mas estava tudo bem. Demos uma volta completa, sãos e salvos. História para contar. Depois continuamos nosso rolê pelas ruas de Paris e fomos para a região perto da catedral de Sacre Couer. A região é bastante turística, mas valeu a pena. A subiu a escadaria e foi visitar a catedral enquanto eu fiquei cuidando das bicicletas e observando o movimento. Nossa última parada foi a Catedral de Notre Dame, lá ficamos observando o som dos sinos. Fim do dia, passamos no Carrefour e compramos queijos e vinho, pronto, nossa janta estava feita. No dia seguinte fomos a pé, decidimos visitar o museu do Louvre e seus arredores. Dia de bater perna. Fomos parar também nos Jardins de Luxemburgo e fazer um picnic e um dos vários parques da cidade. Fim da nossa estadia em Paris, curtimos muito a cidade, talvez porque estávamos com a expectativa baixa, ela nos surpreendeu.

Orleans
Decidimos pegar um trem para sair de Paris, nosso próximo destino seria a cidade de Orleans. Logo que chegamos na cidade era Domingo porém precisávamos fazer compra. Fomos direto para o supermercado que estava aberto, até acharmos esse supermercado aberto, demoramos um pouco. Aproveitamos para passear pela cidade que estava bem vazia. Saímos do supermercado com os alforjes cheios, claro que colocamos aqui alguns pedaços de queijo, macarrão, molho e uma bolacha que adoramos (uma espécie de bolacha de maisena com cobertura de chocolate), era a nossa sobremesa oficial na França. A cidade era bem bonita, deu tempo de no caminho passar pela casa da Joana D’Arc. Nesse dia pedalamos até um camping na região metropolitana da cidade. O camping era muito bom, uma baita infraestrutura chegamos e montamos nossa barraca. Estávamos curtindo o domingo devagar. Acampamos a beira de um riacho que passava bem no meio no camping. Nesse dia vimos outros casais também viajando de bicicleta, inclusive um casal com a mesma marca de nossas bicicletas (Santos). Fim do dia, jantamos e fomos no bar do camping tomar uma cerveja e ligar para a família.

Blois
Acordamos cedo e era o aniversário da Dani. De “presente” tomamos café no bar do camping, foi muito legal, ela adorou acordar e ter café servido. Começamos o pedal de aniversário e descobrimos que iríamos fazer um circuito de ciclo-turismo muito famoso, o delta do rio Loire, que é um circuito de uns 280km que passa por algumas cidades e vilas que fazem parte. O circuito é bem bonito e de fácil pedalada. Por ser o tempo todo beirando o rio Loire, o terreno é bem flat. A nossa maior diversão durante o dia foi ouvir os “Bonjour” das senhorinhas francesas pedalando suas bicicletas elétricas. Era bonjour para todo o lado. Nós adorávamos e até brincávamos que dar bonjour pedalando uma bicicleta elétrica é fácil. Nesse dia almoçamos em um restaurante em uma vila medieval (Beaugency), ainda estávamos comemorando o aniversário da Dani, era um dia especial. Depois do almoço seguimos nosso percurso e passamos pelo belíssimo castelo de Chambord (Château de Chambord). Ficamos impressionados com o tamanho desse castelo e quanto bonito era o seu entorno. Para chegar lá tivemos que sair um pouco do circuito mas depois voltamos para mais perto do rio. Fim do dia, chegamos na cidade Blois. Não aproveitamos muito a cidade, estávamos um pouco cansados e ameaçava uma chuva. Fomos direto para o camping que havíamos escolhido. Chegamos no camping, o fim de tarde estava muito bonito. Tomamos banho, jantamos e fomos descansar.

Amboise
Acordamos e estava bem nublado, já tínhamos percebido que seria um dia chato. Acordamos, fizemos nosso café da manhã e quando começamos a desmontar acampamento começou a garoar, o que dificultou um pouco o desmontar da barraca e o setup nos alforjes. Nessa altura da viagem já estávamos com quase 1 mês de pedal, já começávamos a entender como funcionava a dinâmica e como nós nos comportávamos com a nova dinâmica (o que é bem importante). Logo que começamos o pedal, a garoa parou e aí foi aquela tira e põe de roupa. O dia começou a melhorar. Voltamos a seguir o vale do rio Loire, nosso destino de hoje seria a cidade de Amboise. O caminho até lá foi muito bonito, continuamos respondendo aos “Bonjour” de nossas coleguinhas francesas. O dia foi longo. Nossos dias tem sido pedalar pelo vale do rio, passando por vilas minúsculas Chegamos em Amboise e fomos procurar o camping. Achamos um bem localizado, ficava numa “ilha” no meio do rio. Camping grande, com bastante espaço para barracas e motorhome. O dia tinha melhorado bastante. Aproveitamos para secar a barraca antes e armar novamente. Montamos a barraca, fizemos nossa janta e fomos tomar aquele banho merecido. Estamos descobrindo que o que realmente dignifica o homem é o banho e não o trabalho. Banho quente então, é dignificador. A estrutura dos campings na França está nos surpreendendo bastante. A noite fez frio, fomos dormir pois cedo para sair cedo no dia seguinte. Amboise foi nossa última cidade no Vale do Loire.

Descartes
Viemos pedalando pelo interior da França, a paisagem começou a ficar parecida. Passeando pelo interior da França, percebemos o mesmo padrão: a rua principal, uma patisserie e uma mairie (prefeitura em francês). Nós entramos na rotina também. Dias mais compridos, mais devagar, colocamos as pausas mais longas ao longo do dia. Cafézinho pela manhã, pausa de almoço de no mínimo 1 hora e café a tarde. O dia estava lindo, viemos pedalando e decidimos parar na cidade de Descartes. Logo que chegamos fomos ao camping sinalizado em nosso Maps.me. Por estarmos já em Setembro, os campings já estão começando a fechar as portas. Fomos na nossa primeira opção e estava fechado. Voltamos para o centrinho da cidade e perguntamos por uma outra opção de camping. Nos indicaram o camping municipal, que ficava a 11km da cidade. Estávamos cansados, mas não tínhamos muita opção. Pedalamos mais 11km e chegamos no camping. Os campings municipais na França são uma ótima opção e na grande maioria das vezes, bem mais em conta que os campings privados. Chegamos no camping já era tarde e a recepção estava fechada. No camping havia um único motorhome de um casal de franceses que nos avisaram que poderíamos montar a barraca ali que um funcionário do camping iria lá depois cobrar. O sol estava forte nesse dia, chegamos mortos. Como o camping estava vazio, tivemos que improvisar o banho. Só tinha uma cabine aberta e o jeito foi encarar o banho de caneca e gelado (o que não foi um problema). Banho tomado, hora de preparar a janta. Ia ser macarrão (rs). Por sorte, nossos vizinhos indicaram uma mini-horta que tinha um pé de tomate cereja, incrementamos o macarrão. Ficou muito bom. No fim do dia, o pessoal da recepção voltou para receber o pagamento. Foi o camping mais barato que pagamos.

Portiers/ Future Scope Park
No dia seguinte, levantamos e saímos em direção a cidade de Portiers. Era a nossa intenção. Viemos na mesma rotina: pausas mais longas ao longo do dia. Cafézinho pela manhã, pausa de almoço de no mínimo 1 hora e café a tarde. O pedal tem sido agradável. Hoje viemos parando em vários pomares de maça e uva. Estamos em época bem frutífera por aqui. Estamos em uma região que temos passado por várias vilas/ cidades bem pequenas. Está bem fotogênico pedalar por aqui. Como as cidades do interior de qualquer país, a rotina é um pouco diferente. As coisas fecham, e tivemos várias vezes a companhia de pouca gente perambulando pela cidade. Basicamente só tinha nós sentados em algum banco ou calçada comendo nossa saladinha (encontramos uma lata de uma saladinha boa) e depois nosso sanduba. Era muito bom essas pausas. Conversamos sobre o trajeto, conversávamos sobre as pessoas passando, observávamos a vida passar. Continuamos nosso pedal do dia e em um momento vimos um camping. Já estávamos pensando em parar por hoje, tínhamos a intenção de chegar até Portiers, porém quando vimos o camping combinamos de ficar por ali, naquela cidade. O camping era bem caro. Ficamos chocados com o preço, e decidimos descer até a cidade, o pessoal do camping nos indicou o camping municipal. Descemos e chegamos na pequena cidade. Aqui na França é muito comum ter campings municipais que o custo é uns 30%/ 40% mais em conta que os privados. Chegamos no camping, o tempo deu uma nublada. Chegamos no camping e descobrimos porque o outro camping era mais caro, essa região era “turística” pois tinha o complexo Futurescope. Um parque de diversão famoso ali, o que encarecia os preços. O camping estava bem vazio. Pelo preço, decidimos aproveitar e aplicar o nosso dia de descanso ali mesmo. Montamos acampamento e fomos ao mercado, já falei que ir ao mercado na França sabendo que no dia seguinte não tem pedal é incrível? pois é. Compramos o nosso kit de jantar predileto: vinho + queijos + baguete. Está feito a alegria dos cicloviajantes em terras francesas. Está muito bom, lembro até hoje a alegria da Dani em matarmos uma garrafa inteira de vinho de bordeaux e saber que no dia seguinte poderia dormir até o corpo reclamar (hahaha). No dia seguinte, aproveitamos para lavar roupa, fiz uma manutenção nas bicicletas, lemos bastante e aproveitamos para planejar nossa rota dali por diante. Decidimos que iríamos pegar um trem até Bordeaux. Foi necessário nesse momento da viagem, principalmente para a Dani.

Bordeaux
Chegamos em Bordeaux depois de um dia inteiro quase entre trens. Eu confesso que não sou fã de pegar trem com bicicleta, nesses dias são os dias que mais canso. É um tal de empurrar as bicicletas para cima do vagão, a grande maioria dos trens que pegamos o trem não parava no nível da plataforma, e daí era aquele empenho de soba frente, soba a traseira da bike. Para mim era uma situação que chegava a ser estressante, enfim, fazia parte. Saímos da estação de trem e fomos para nosso camping, que ficava afastado da cidade. Nesse dia ainda pedalamos uns 20km. Vimos bem pouco da cidade, somente pedalamos por suas ruas.

Arcachon
Nosso 1o destino no litoral da França seria a cidade de Arcachon. Não entramos na cidade, decidimos ir para um camping numa parte mais afastada da cidade. Os dias tem sido de pancadas de chuva, tipo aquelas de verão. Nossa chegada em Arcachon fomos nos abastecer no supermercado. A rotina começa e se fazer presente. Como todo e qualquer processo na vida das pessoas. O camping estava lotado, era feriado na França e acampamos numa área meio que “fora” do camping. Nesse dia ligamos para meus pais para dar notícias e saber o que estava acontecendo com a vida deles. A internet estava boa que deu até para fazer um vídeo-chamada com eles e pude mostrar como era o camping. Eles estavam fascinados com a estrutura, mesmo à distancia. Aproveitamos para atualizar como estava sendo a nossa vida aqui e quais seriam os próximos movimentos. Aproveitamos que ainda estava dia e jantamos. No dia seguinte iriamos começar a entrar em uma parte litorânea da França.

Capbreton
Viemos descendo pelo litoral, bem plano por aqui. Viemos pedalando por dentro de uma grande floresta de pinheiros com a ciclovia cortando o seu interior, ora se aproximando do litoral. Os dias tem ficado bem bonitos, de sol. Temos feito um ritmo bom de pedalada. Temos feito um almoço mais extenso. Estamos comendo mais na hora do almoço e descansando mais também. Adotamos uma “salada” enlatada bem boa, ela está funcionando como a nossa “entrada”. Esses dias vimos uma mulher bem grávida pedalando pela região. Ficamos maravilhados com a cena. Ela tinha um barrigão grande já e foi uma cena que eu nunca tinha visto. Fiquei feliz de ter visto. Seguimos o nosso pedal. Chegamos na última cidade que iríamos dormir antes de apontar as bicicletas para os Pirineus. Ficamos em um camping muito bom, por ser baixa temporada, o responsável pelo camping nos ofereceu uma espécie de barraca suspensa, meio difícil de explicar. Imagine um caixote de madeira, suspenso uns 1 metro do chão e a base de caixote é um plástico desses de lona de caminhão, difícil de imaginar, né? (rs) pois então, o amigão ofereceu esse caixote pelo mesmo preço do camping. Aceitamos na hora. Chegamos nesse camping no fim do dia, fez um pôr-do-sol bem bonito. A Dani estava festiva, foi até o mini-mercado do camping e comprou uma meia garrafa de um espumante. Nesse dia celebramos algo, talvez celebramos a viagem, a vida, não lembro.

Cambo-Eles-bains
Depois da região litorânea, apontamos as bicicletas para o País Basco. Saíamos cedo e logo formou-se nuvens grandes e a chuva começou. Choveu toda a manhã. Em um momento decidimos parar para tomar um café e esperar a chuva parar. Estamos indo rumo Bayonne. Quando chegamos nessa cidade, decidimos almoçar por lá. Paramos perto de uma boulangerie foi nossa última em nossa passagem pela França. Compramos um pão e fizemos um sanduíche. Estava um clima bem estranho, chuvia, parava, ventava e por aí foi o dia todo. Foi um dia bem difícil para a Dani, especialmente. Quando adentramos em país Basco começamos a enfrentar subidas com bastante inclinação, chovia bastante e estávamos bem cansados. Chegamos no fim do dia, e a Dani só queria um banho e uma cama quente. Como estávamos em baixa temporada os campings estavam começando a fechar e/ ou a fazer preços mais em conta. Chegamos nessa pequena vila e fomos para o camping que tínhamos marcado em nosso mapa. Negociei com o dono e ficamos na mesmo tipo de “barraca” feita de madeira e elevada do chão. Foi a nossa sorte. Naquele dia seria impossível acampar. Nossa barraca estava completamente encharcada e a área de camping estava um pântano. Chegamos tarde e foi só o tempo de tomar banho, comer algo e dormir.

Saint Jean Pied Port
Amanheceu o mesmo tempo estranho, muitas nuvens, céu nublado. Tomamos café, montamos as bicicletas e logo que estávamos prontos para sair avistamos aquela nuvem gigantesca e negra chegando, só se olhamos e pensamos “lá vamos nós para mais um dia bosta..hahaha”. Começamos a pedalar e a tal da nuvem ficou ali, só ameaçando chover mas não aconteceu (ufa). Seguimos o pedal adentrando no País Basco. O visual mudou bastante. A região aqui é bem montanhosa, bem dobrada, com sobes e desces por todo o dia. Por sorte, o vento mudou e levou todas as nuvens embora. No progresso do pedal, até chegou um momento que o Sol saiu. Demos um risada, daquelas que diz “ô solzão delícia!”. No fim do dia, até a nossa cidade final foi só ladeira abaixo. Nosso destino final seria a cidade de Saint Jean Pied Port, a cidade inicial para começar a próxima etapa, o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Como já sabíamos que iríamos ficar mais tempo na cidade para descansar, curtir a cidade, preparar a rota do caminho, fazer a manutenção nas bicicletas, chegamos com a cabeça preparada para ficar o tempo que fosse necessário. Em S.J.P.P. ficamos no camping municipal e não pagamos nada pelos quase 5 dias que ficamos por lá. Continuou chovendo bastante, mas estávamos bem protegidos no camping o que foi ótimo.


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Postado por Leonardo Joucowski

Um cara do bem, que se esforça para escrever algo legal. Casado com a Dani e em estado de inquietude eterna.

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