África do Sul

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África do Sul, o País que para nós representou PESSOAS. Não fizemos safari, vimos alguns animais (com certeza e bem de longe), porém certamente não invalidou nossa passagem por esse país. Conhecemos pessoas, pessoas de verdade, que representam a atual Africa do Sul. A África do Sul de verdade e não a que nos vendem em algum safari. E foi mais uma ótima experiência.

Decidimos sair da Namíbia e ir direto para Cape Town, já sabíamos que a viagem seria longa, 22 horas de viagem, porém a companhia de ônibus que escolhemos era bem boa, a Intercape, ônibus muito parecidos com o do Brasil.
Não estávamos com muitas expectativas de África do Sul, sabíamos que seria diferente de tudo o que veríamos a seguir devido ao seu desenvolvimento, história e fatos. Mas, de novo, as pessoas fizeram que essa nossa estadia mudasse todo o contexto.
África do Sul foi onde eu iria completar 32 anos, o que de certo modo foi interessante. Gostei de ficar mais experiente nesse País. Não estava com nenhuma expectativa de comemorar a data, talvez iria comemorar até mesmo na estrada (rs). A receptividade na África do Sul foi um dos aspectos que mais gostamos. As pessoas são altamente solicitas. Para todas as pessoas que perguntamos alguma informação, logo tinhamos uma resposta com um sorriso ao final. As vezes, tivemos situações que as pessoas iam conosco até o lugar, só faltava “pegar na mão” e nos levar. Isso faz toda a diferença em um lugar, principalmente se você é estrangeiro. Na África do Sul também foi um País de estréias. Estreamos em sair de uma cidade sem ter onde dormir na próxima cidade, estreamos no Airbnb e estreamos no Couchsurfing, ambos os negócios são muito bons para os viajantes modernos e representam bem a época que estamos vivendo. Uma era de trocas, de receber e de dar (sem conotações sexuais aqui, ok?!). Um País com várias opções: tem montanha, tem praias, tem cidade pequena, tem cidade cosmopolita, tem cidade bagunçada, tem cidade super organizada, tem pessoas do bem. E em nossa passagem por aqui tentamos fazer de tudo um pouco. Vamos ao que fizemos.

Cape Town
Cape Town foi a nossa primeira cidade na África do Sul. Que cidade linda, organizada, praias e montanhas que são um destaque da cidade. De cara já gostamos do meio de transporte, não sei se porque somos de Curitiba e tivemos os meios de transporte sempre como uma referência mundial, Cape Town imitou certinho o nosso sistema. A cidade tem um sistema de ônibus integrado, com várias opções para você ir para qualquer lugar da cidade e um sistema de cobrança e pagamento por cartão, o que é bem seguro e de fácil uso.
Chegamos da Namibia e já sentimos a diferença no desenvolvimento do País. Cape Town é conhecida mundialmente e visitar essa cidade era obrigatório para nossa passagem.
Em Cape Town fizemos o primeiro Airbnb (opção de hospedagem paga em que uma pessoa cede um quarto e a casa para que você possa dormir e usar durante sua estadia, serve também para fugir dos altos preços dos hotéis e dos populosos e barulhentos backpackers). E que casa! A Christine, nossa host, morava com mais uma americana e um cachorro numa casa antiga que foi reformada com padrões digamos mais modernos. Ela nos recepcionou com bombons Ferrrero Roche na cama, a Dani já curtiu de cara pois esse é o chocolate preferido dela. Ela foi super atenciosa conosco, nos deu várias dicas da cidade, nos ajudou com os próximos destinos, conversou conosco (ela trabalha com ecommerce num site chamado Price Check, o Buscapé da A.S.), enfim ela foi a melhor host que poderíamos ter em Cape Town. Como forma de agradecimento, a Dani fez brigadeiro para ela, o que é uma ótima maneira de trocar, ela comprou uma sobremesa chamada Kooksister.
Fomos com a intenção de conhecer o Cabo da Boa Esperança, sem chance, pois para chegar até lá deveríamos pegar um trem e descer na cidade mais próxima que era Simons Town e de lá pegar um taxi, porém esses taxis queriam cobrar 600 Rands, o que estava bem longe do nosso orçamento diário. Sem problemas. Andamos por Simons Town, conhecemos essa cidade portuária e foi bem interessante, passamos a manhã inteira lá. Pegamos o trem de volta e paramos na cidade de Kalk Bay, que foi indicação do Guilherme em seu livro da África em que ele comenta que almoçou num restaurante dessa cidade. Dito e feito, também almoçamos no mesmo restaurante. Ambas as cidades ficam de frente para o mar, nesse caso o Atlântico, o Cabo da Boa Esperança faz a divisa física dos oceanos Atlântico e Índico. Voltamos para a cidade.
Fizemos caminhada até o Waterfront e fomos conhecer essa região da cidade, bem turística por sinal. Ótimas opções de restaurante e uma linda vista da Table Mountain. Tivemos que caminhar até o centro pois estava acontecendo um corrida de ciclismo famosa na cidade a Cape Cycle Tour e todos os ônibus estavam sem circulação, o que para nós não foi um problema. Almoçamos no Pick and Pay do Waterfront, uma supermercado bem bom daqui, eles servem comida pronta e é ótima. Depois caminhamos até Sea Point, como a orla deles, bem bonita, com pequenas praias e um calçadão bem parecido com o de Florianópolis.
No dia seguinte, fomos fazer uma caminhada para subir a Table Mountain. Usamos o transporte público para chegar a base onde se pega o cable car, tipo de um teleférico. Nós optamos por descer usando o teleférico. A caminhada foi pesada, começamos num horário bem apropiado, as 12:30 (rs) enfim foi puxado porém com um visual de cair o queixo. A subida tem uma variação de mais 700 metros da base ao topo. Suamos um pouco, porém a vista foi compensadora. Chegamos, tiramos fotos da cidade do topo da montanha e descemos.

Knysna/ Jeffreys Bay (Garden Route)
Saímos de Cape Town e fomos conhecer a Garden Route. Essa rota é bem famosa da África do Sul com uma vasta área verde. Esse verde é a principal atração ao longo do caminho. Nós optamos por fazer de ônibus, tem a opção de fazer de trem, mas é bem mais caro. A estrada é excelente, em ótimo estado. Saímos de Cape Town bem cedo e fomos direto para Knysna. Ao longo do caminho vimos várias paisagens. Demos uma descansada no ônibus também, estamos no começo da viagem nos acostumando com as longas jornadas de ônibus. Chegamos em Knysna e pela primeira vez saímos de uma cidade sem ter uma hospedagem reservada, o que nos fez perceber que precisámos fazer isso para nos “livrarmos” do mal do turista e realmente virar um viajante de volta ao mundo. Knysna é conhecida pelo festival da Ostra que ocorre lá e por um região que os sul-africanos se aposentam. Em Knysna fomos visitar uma ilha praticamente privada onde tinham várias casas, uma mais bacana que a outra, e nessas casas só viámos aposentados curtindo a sua aposentadoria. Deu vontade de se aposentar lá. Passeamos por essa ilha pela manhã e na volta da ilha estreamos no quesito carona. Levantamos o clássico dedo para trás e de primeira conseguimos uma carona. Foi tudo tranquilo, o cara foi super gente boa. Ficamos no Waterfront de Knysna, uma região com algumas lojinhas e restaurantes.
Saímos de Knysna e fomos para o final da Garden Route que fica na clássica praia de Jeffreys Bay. Eu, que em minha adolescência  surfava, sempre via nas revistas de surf as fotos de Jeffreys Bay, e estar lá foi muito legal. Chegamos em Jeffreys Bay perto do fim do dia e fomos para um backpacker.  Neste backpacker fizemos um braai (o churrasco dos sul-africanos), o pessoal do backpacker nos convidou e participamos. Lá conhecemos o Artur (um brasileiro que trabalhava lá) e trocamos várias informações, ele também está fazendo uma volta ao mundo. No dia seguinte, saímos para caminhar pela praia, a famosa Supertubes e fomos até a praia de Dolphins Beach. No dia seguinte, acordamos cedo para ver o nascer do Sol e mais tarde pegamos praia como no Brasil, ficamos em Supertubes e o céu estava limpo, rolou até onda e consegui tirar algumas fotos e até me animei em voltar a surfar.

Port Elizabeth/ East London/ Durban
A nossa próxima cidade seria a estréia no Couchsurfing, estavámos em uma época em que o dólar batia os R$ 3,25 e economizar era a palavra de ordem. Trocamos algumas mensagens com a nossa host pelo app do Couchsurfing e ela combinou de nos buscar na parada do ônibus em Port Elizabeth, que fica apenas 1:30 horas de Jeffreys Bay.
A Trudie nos buscou e fomos direto para a casa dela. E que casa! Nossa estréia seria numa casa em estilo Victoriano, com mais de 100 anos de casa e detalhe, ela era colecionadora de antiguidades então a casa era toda decorada e espalhada de coisas antigas, um museu. Fomos super bem recepcionados, ela fez janta para nós, conhecemos o seu filho o Eon que morava na casa e ficamos trocando informações sobre o Brasil e a África do Sul. No dia seguinte, era meu aniversário, um dia comum, fomos comprar passagens de ônibus para East London no centro da cidade. Caminhamos pelo centro e visitamos o Mandela Bay, uma espaço construído em homenagem a Mandela e suas contribuições a África do Sul. Neste lugar tinha uma pirâmide também, que foi uma homenagem do prefeito atual da cidade ao falecimento de sua esposa. Fomos almoçar em um restaurante para comemorar meu aniversário, fiz 32 anos. Foi legal, teve cerveja especial e até bolo supresa que a Dani conseguiu para cantar parabéns! Voltamos para a casa da Trudie para descansar, no dia seguinte iríamos novamente bem cedo para East London.
Em East London tínhamos a certeza que seria apenas uma cidade transitória para chegarmos a Durban, e nela optamos novamente por fazer Couchsurfing, porém desta vez não tão legal quanto em Port Elizabeth. Nossa host foi super solicita também, porém ela tinha um hábito que não gostamos muito, ela fumava demais e a todo tempo. A casa dela era numa região mais afastada da cidade e como chovia muito, o cigarro começava a atrapalhar em ambientes fechados.Tivemos o azar de não conseguir passagem para a madrugada do outro dia e tivemos que ficar praticamente o dia todo com ela, já que nosso ônibus sairía as 23:00. Amanheceu um dia bonito e fomos conhecer Cintsa, uma praia bem afastada e com um ar hippie. Visitamos também um espaço chamado Arena, uma área verde com várias opções de camping. Voltamos para casa e agora ficamos até dar a hora vendo filmes que ela tinha. Um detalhe, a casa era bem suja, faltava uma manutenção como diz a Dani (rs).
Fomos para Durban, essa cidade seria a nossa ponte para a região de Drakensberg. Por estar fazendo Couchsurfing numa batida, decidimos for fazer Airbnb. Ficamos na casa de um casal de americanos que moravam num bairro bem bom, com muita coisa que precisávamos na mão. Em Durban, visitamos o Jardim Botânico da cidade, considerado o mais antigo da África do Sul. Um espetáculo com muitas variedades de plantas. Gostamos tanto que voltamos outra vez só para almoçar no gramado dele. Durban também não tinha muita opção do que fazer. Decidimos visitar um mercado no centrão, chamado Victoria Market, que tinha uma grande influência da Indía. Depois fomos visitar a orla de Durban. Em Durban também já pegamos informações para o nosso próximo país, o nosso host tinha trabalhado no Moçambique, o que foi bom.

Drakensberg
Esta região estava em nosso “To do list” da África do Sul. Nós adoramos fazer caminhadas e Drakensberg é a meca dos hiking daqui. Para chegarmos foi um pouco complicado, esta região carece um pouco de informação, mas deu tudo certo. Com alguns emails trocados fechamos com um backpacker bem perto das trilhas. O backpacker era muito legal e muito bem localizado mesmo. No dia seguinte, saímos cedo e fomos fazer a trilha chamada Tukela Falls, que seriam mais de 6 horas de caminhada para ver essa cachoeira que é a 2a do mundo em altitude. Nosso dia começou nublado e terminou com um dilúvio. Usamos todos os equipamentos para nos protegermos da chuva, porém não deu certo, ao final tudo estava molhado até a máquina. A caminhada foi espetacular, com um visual de tirar o fôlego. Nos sentimos privilegiados por ter feito. Como diz a Dani, “mais uma para o currículo!”.

Johannesburg
Com os gastos apertando um pouco, resolvemos voltar para o Couchsurfing, e normalmente em grandes centros é mais fácil de encontrar hosts. Dessa vez colocamos filtros na busca por host, e o primeiro foi “não fumante”. Encontramos um cara chamado Farid. A Dani é a nossa agenciadora no Couchsurfing. Algumas mensagens trocadas e lá estávamos nós em Johannesburg, ou Jburg, como todo mundo fala aqui. Chegamos a noite e tomamos um susto bom, o apartamento do Farid era muito limpo, tínhamos um quarto que era grande, um banheiro limpo e ele até deixou um “manual” da casa, foi uma ótima impressão. No mesmo dia, conhecemos ele, o Iqbal e o seu sobrinho, que também estava morando na casa. Que figura. O Farid também estava estreando no Couchsurfing, fomos as primeiras pessoas que ele recebeu. Estava tão empolgado em trocar informação que ele esqueceu que só iria ficar conosco por apenas um dia inteiro. O Farid quando nos conheceu fez uma pergunta bem engraçada: “Quando vocês fecharam em ficar aqui em casa, vocês não fizeram uma busca no Google para saber quem eu era?”. Nossa reação foi negativa, já que seria bem estranho fazer isso com pessoas normais..(rs), porém o Farid não era uma pessoal normal. Sua dúvida fazia todo o sentido depois que buscamos ele no Google. O Farid Esak veio de um township (regiões criadas para isolar os negros dos brancos na época do Apartheid), ele é muçulmano com uma certa influência em sua época em que era mais ativo em assuntos religiosos e durante o governo do Mandela foi nomeado como secretário para assuntos de Igualdade de gênero para o período pós-Apartheid. Íamos ficar apenas 3 noites, ficamos 5 noites tamanho o conforto que tínhamos na casa. Uma das pessoas que você fica horas numa mesa conversando e que te inspira. Numa noite que faltou energia o dia todo, fomos jantar fora com o Iqbal, estudante da religião Muçulmana e praticante da religião, um americano jovem que tem um coração bom. O Iqbal nos levou para o bairro de Fordsberg, um bairro com muita influência muçulmana, parece que estávamos no Oriente Médio, foi uma ótima experiência. Jantamos em um restaurante indiano e foi até agora o melhor restaurante que comemos na viagem. Em Jburg, não fizemos muito pois descobrimos que os lugares são longe então fizemos o “feijão com arroz”, fomos no museu da África no bairro de Newtown, fomos no museu do Apartheid, na casa do Mandela e fomos no bairro do Soweto.
Jburg foi nossa despedida da África do Sul. Nosso próximo destino: Moçambique.

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Postado por Leonardo Joucowski

Um cara do bem, que se esforça para escrever algo legal. Casado com a Dani e em estado de inquietude eterna.

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